Crítica | My Hero Academia (Temporada Final)

"Jovem Midoriya... Você começou a correr naquele dia e fez meu corpo se mover. Desde aquele dia, você sempre foi... O meu maior super-herói!" - All Might

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O anime de My Hero Academia chegou ao seu fim, após um épico arco da Guerra Final entre os heróis do Japão contra os vilões liderados por Tomura Shigaraki e o All For One. Nessa review, vamos falar sobre os acontecimentos dessa temporada final e o legado deixado pela obra.

My Hero Academia, ou Boku no Hero Academia, é um mangá de 42 volumes, escrito e ilustrado por Kohei Horikoshi. O primeiro capítulo foi lançado em 2014 na Weekly Shonen Jump e encerrado em 2024, com 430 capítulos e, alguns meses depois, quando o volume final foi encadernado, um capítulo extra foi adicionado à obra, totalizando 431 capítulos na obra. No Brasil, o mangá foi publicado pela Editora JBC, com os seus 42 volumes completos. A história se passa em um mundo onde quase todos têm superpoderes (“Individualidades”), acompanhando Midoriya (Deku), um garoto sem poderes que sonha em ser herói como seu ídolo, All Might. Após um encontro com All Might, Izuku herda a Individualidade do herói e ingressa na Academia U.A., uma escola de heróis, onde treina com outros estudantes para se tornar um grande herói, enfrentando vilões e aprendendo sobre coragem, amizade e os desafios do heroísmo. 

Em determinado momento da publicação do mangá, a obra veio a ser tornar o anticristo dos shonen, sem muita explicação ou contexto, tudo relacionado a My Hero Academia acabou se tornando uma das piores coisas já feitas, de acordo com aqueles que acompanhavam a história, as críticas e reclamações não faziam muito sentido com o que a história mostrou e mostrava. Não sabemos se isso aconteceu devido à “queda” dos filmes e séries de super-heróis, como Marvel e DC, e isso respingou em My Hero Academia ou se simplesmente a obra sofreu com o que mangás shonen, em sua maioria, ou outros mangás sofrem. Os fãs criam teorias ou uma certa expectativa para o futuro da obra e, quando nada disso é atendido, passam a criticar e minimizar tudo o que foi criado até então.

Bom, já passamos os contextos históricos e polêmicas envolvendo a história geral de My Hero Academia, vamos agora analisar os últimos episódios do anime. Antes de começarmos, fique bem claro que sim, haverá spoilers, então, se não assistiu ainda, recomendamos que assista primeiro os episódios da última temporada e depois volte para ler nossa review. A última temporada adapta o final do Final War Arc, focado nas três últimas lutas do mangá: All Might vs. All For One, Bakugo vs. All For One e Midoriya vs. Shigaraki. E o Epilogue Arc, onde o objetivo é mostrar as consequências do arco anterior e o futuro da turma 1-A. De uma forma bem direta, o final de My Hero Academia foi bem honesto à proposta inicial da obra, entregando um bom encerramento para os personagens e a obra, algo muito difícil nesse ramo.

Crítica | My Hero Academia (Final Season), momento épico
(Reprodução)

All Might vs. All For One: O fim de uma era, e…

A temporada se inicia com esse confronto, que vinha sendo trabalhado desde a 3ª temporada do anime. Naquele contexto, All Might deu tudo o que ainda tinha do seu One For All para derrotar o vilão, o custo disso foi ter sua carreira encerrada e o posto de herói número ficou vago. Além disso, o mundo já não tinha mais o seu Símbolo da Paz e isso desestabilizou o equilíbrio que aquele mundo possuía. Sem mais esse símbolo, um vácuo de poder foi criado e, com isso, os vilões puderam agir mais livremente e assim, o mundo passou a encarar uma nova era de caos.

Porém, após os vilões escaparem da prisão Tartarus e colocarem em prática o plano deles, de dominação mundial, não demorou muito para que o destino colocasse All Might e All For One frente a frente para a última e derradeira batalha. Na última vez, o herói venceu, mas o custo disso foi alto demais e assim, a vitória teve mais um gosto de derrota e agora, vamos ao último confronto entre aqueles que iniciaram todo esse confronto que o anime estava mostrando.

Essa luta é a que abre a temporada final, onde vemos que All For One está em direção a Tomura Shigaraki para poder completar a união entre os dois. Os heróis estavam perdidos e sem esperanças, onde todos não aguentavam mais. Mas, entre All For One e Shigaraki, surge All Might, decidido a encerrar esse confronto e derrotar aquele que tirou tudo dele, sua mestra, sua saúde, seus poderes e o seu sonho de continuar sendo o maior herói do mundo. Toda essa luta é carregada de simbolismo, aqui vemos o vilão lutando para derrotar seu maior rival e o herói usando tudo o que aprendeu com os seus alunos, da turma 1-A, para pôr fim aos planos do vilão.

A carga dramática que essa luta carrega é intensa, pois até mesmo vemos a “origem” do sonho de All Might e como sua mãe foi importante para isso. Mas, mesmo com isso tudo sendo mostrado e trabalhado, a luta não é algo fácil para alguém sem poderes e com a saúde tão debilitada quanto a de All Might. E nesse momento que ressurge alguém vital para a história, Stain, o personagem que é o principal ponto de virada para a ascensão dos vilões e queda dos heróis, surge como um contraponto interessante nesse ponto da luta.

A luta mostra o ápice da animação e roteiro que esse momento precisa, a virada entre a quase vitória para uma derrota e a alternação que isso vem carregando. E o momento final, onde achamos que esse será o fim de All Might, a trilha sobe, a cena vai cortando para todos que acompanham com apreensão, onde estão visivelmente chocados com essa conclusão. Tudo apontava para um trágico fim para o herói e a visão de Nighteye finalmente aconteceria, até que…

Review | My Hero Academia (Final Season)
Imagem: Bones Film.

Katsuki Bakugo vs. All For One: …O começo

Bom, se a luta entre All Might e All For One simbolizava o fim de uma era, essa luta demonstra o que seguirá: novos heróis tomando o lugar daqueles que os antecederam e, com isso, continuando seu trabalho. Diferente da carga emocional que a luta anterior trazia, essa é sobre ser capaz de estar à altura de um desafio que parecia impossível até para o maior herói que já existiu.

Bakugo salva seu herói, seu ídolo e, ao mesmo tempo, ainda tem que aguentar as consequências de sua quase morte. Salvo por um triz pelo herói Edgeshot, o jovem agora se vê diante de um desafio capaz de abalar até os maiores que esse mundo já mostrou. Enquanto isso, vemos o quão debilitado está All For One. Na sua anterior, vemos que o plano de All Might não consistia em apenas derrotá-lo, mas sim enfraquecê-lo também. Em algum momento, o herói não achou que poderia vencer, mas acreditou que conseguiria criar uma chance para que outro pudesse.

A luta está sendo acompanhada pelos pais de Bakugo, onde seu pai não consegue assistir e sua mãe o convence a acreditar no filho, pois é exatamente assim que ele é. Alguém disposto a encarar o impossível para realizar o desejo, mesmo que isso signifique encarar um dos maiores vilões que já existiu. Todo o contexto de heroísmo é posto à prova nesse momento, alguém se jogar em frente ao perigo para salvar aqueles que não podem, lutar com tudo o que tem com um sorriso no rosto, nesse momento Bakugo se tornou aquilo que sempre quis ser desde o começo, o Grande Deus da Explosão Assassina Dynamight.

Nesse momento, vemos o auge do crescimento do personagem, mostrando que desde o começo, por mais complicada que seja sua personalidade, o que ele sempre quis se tornar era um herói, não só um herói, o maior herói que já existiu. E então, o encerramento da luta não se torna apenas um grande alívio para aqueles que acompanhavam pelo mundo, mas também se torna um ponto de virada a esse conflito, porque, mesmo com os heróis ganhando ou perdendo, Bakugo conseguiu fazer com que uma antiga era terminasse e uma nova se iniciasse.

Review | My Hero Academia (Final Season)
Imagem: Bones Film.

Izuku Midoriya vs. Tomura Shigaraki: O maior herói da história vs. o maior vilão da história

Vamos ao embate mais aguardado da obra, algo que vinha sendo trabalhado desde o começo da história e que, aos poucos, à medida que os personagens evoluíam, cresciam e se moldavam, a rivalidade ia ganhando mais camadas. Enquanto Midoriya ganhava mais relevância e experiência como herói, o seu árduo caminho para enfrentar All For One e Shigaraki. Em contraponto, vemos Shigaraki crescendo como vilão e querendo superar o seu mestre, o seu objetivo final ganha forma e agora o que o mundo pode fazer é apenas assistir e rezar para que o mundo não seja destruído com o seu poder.

A luta entre os dois não se prende apenas ao bem contra o mal, o certo contra o errado, mas à clássica razão entre um herói tentando salvar alguém em perigo. Desde que a rivalidade entre os dois começou, Midoriya sempre acreditou que conseguiria salvar o vilão, pois não o enxergava como uma ameaça e sim, como uma pessoa perdida e precisando de ajuda. Isso consegue ser melhor trabalhado na temporada anterior, onde, mesmo com os antecessores do One For All aconselhando Midoriya a matar Shigaraki para salvar o mundo. O jovem não consegue acreditar que esse seja o caminho que um herói faria.

A luta entre os dois leva cada um a mostrar o que sabe e não sabe para superar o rival. Em determinado momento, a luta deixa de ser física e passar a ser no subconsciente de Shigaraki, onde, na minha opinião, a história comete um erro estranho, aqui descobrimos a verdade sobre a origem do vilão. Descobrimos que desde o começo tudo o que houve com ele, foi planejado por All For One. Se a história tivesse se mantido com o peso de Shigaraki fosse o vilão por conta da sociedade atual dos heróis e como eles tratam aqueles que são “diferentes”, salvar ele seria algo mais impactante e memorável. Porém, tirar isso dele, planta que o maior vilão da história segue sendo o primeiro vilão desse mundo.

Então, o verdadeiro vilão a ser derrotado será o All for One, no corpo de Shigaraki. Nesse momento o que vemos são todos os heróis que ainda conseguem lutar, indo até o local para auxiliar Midoriya nesse momento decisivo e aqui vamos citar alguns paralelos que o 8º episódio tem com o que já ocorreu com a obra, o episódio qual adapta a sequência do mangá onde todos torcem para Midoriya dizendo: “Você consegue!”. Ao mesmo em tudo isso é animado, temos tocando a soundtrack “You Say Run”, a música tema do herói.

No episódio 4, vemos todos que estão fazendo o teste para entrar na U.A. correndo de um robô que se descontrolou, deixando para trás Midoriya e Uraraka. Mas, dessa vemos todos se mantendo ao lado dele e o incentivando a continuar o seu caminho até o vilão. Outro ponto importante, é a conversa dos heróis antes da guerra, não acreditando que haja alguém capaz de derrotar tal ameaça. Porém, agora vemos todos acreditando em Deku e torcendo por ele.

O discurso de All Mighty sobre o que significa ser um herói, para agora ser um sobre Midoriya ser o maior herói. A frase que abre essa review é o final desse momento no anime. Mas, a parte mais emocionante do episódio, é cena em a mãe de Midoriya corre, da mesma maneira que seu filho correu para salvar Bakugo no primeiro episódio, e finalmente encontra forças para torcer, ao invés de se preocupar com o garoto.

Em contra ponto temos All For One, finalmente, entendo o que torna Midoriya quem ele é. O seu monólogo sobre a fraqueza de Midoriya ser sua força e ser algo que All Might não possuía, é o que deixa todos os heróis, que ainda resistem contra ele, seguirem se levantando e continuar a lutar. E assim, o vilão, os heróis e nós espectadores, compreendemos que neste exato momento Deku se tornou tudo aquilo que sonhava, um herói capaz de inspirar o melhor nos outros, de fazer com mesmo que pareça difícil e sem esperança, se você ainda acreditar que pode salvar alguém, se ainda te restar forças para lutar, você consegue ser um herói.

Nesse momento, temos o primeiro golpe que quase derrota o vilão, é emocionante, belíssimo, tudo parecia que ia acabar bem. Mas, então vemos que ainda não acabou e por isso, ainda resta mais um momento resolução para a série. E esse é o momento em que tudo fica claro, na visão de Midoriya, All For One não é um grande vilão, ou o Rei Demônio, mas apenas um homem solitário, que nunca conseguiu compreender a vida. E a cena final, da derrota do vilão chega ser emblemática demais para obra. Após isso, temo 3 episódios para encerrar algumas pontas abertas e mostrar as consequências da guerra.

É bom ressaltar que nesse momento, Midoriya se tornou o símbolo da paz, o seu desejo de querer salvar alguém, que para todos era impossível de ser salvo, se arriscar a ponto de perder os próprios poderes pelo bem maior, mostra os impactos que ele deixou no mundo e continuarão a reverberará na história. Isso, é visto na cena de uma criança que foi deixada presa em sua própria casa, pela sua família, por conta da sua Individualidade fora do comum. E assim, aquela mesma senhora que não ajudou Shigaraki no passado, retorna novamente em um mesmo dilema que teve, agora vemos que ela se arrepende de ter ajudado. E por conta disso, para não cometer o mesmo erro, ela decide que vai ajudar o jovem. Mostrando que isso é o que um herói faz, mesmo sem poderes se você estender sua mão para quem precisa de ajuda, uma vida será salva e isso é o que significa ser um herói.

Review | My Hero Academia (Final Season)
Imagem: Bones Film.

Gamerdito (Veredito): A temporada final de My Hero Academia é boa?

O anime de My Hero Academia chegou oficialmente ao fim no último sábado, encerrando uma jornada que acompanhou fãs por quase uma década. Para quem seguiu apenas a adaptação animada, o desfecho foi marcado por emoção, senso de conclusão e, sobretudo, uma recepção muito mais positiva do que aquela vista no encerramento do mangá no ano anterior. Diferente das reações divididas da publicação impressa, o final do anime conseguiu dialogar melhor com o público e consolidar My Hero Academia como um dos shonen com conclusão mais bem executada dos últimos anos.

Acompanhar um mangá semanalmente cria uma relação intensa entre obra e leitor. Ao longo dos anos, teorias, expectativas e desejos do fandom passam a coexistir com a narrativa original do autor. Muitas vezes, a frustração com um final não está ligada à qualidade da história em si, mas ao choque entre o que foi entregue e o que parte do público esperava ver. Foi exatamente esse fenômeno que cercou o fim do mangá de My Hero Academia, gerando críticas que, com o distanciamento do tempo, se mostram menos relacionadas à execução e mais às expectativas acumuladas.

Analisando a obra como um todo, é inegável que My Hero Academia não é isenta de falhas. Há arcos que poderiam ter sido mais bem desenvolvidos e personagens com potencial subaproveitado. Ainda assim, o arco final se destaca como um dos pontos mais fortes da série. Kohei Horikoshi construiu uma guerra derradeira de grande escala, envolvendo praticamente todo o elenco, resgatando personagens importantes e reforçando o impacto das conexões criadas ao longo da trajetória de Izuku Midoriya.

O conflito final entregou exatamente o que se espera de um grande shonen: reviravoltas impactantes, sacrifícios, perdas inesperadas e momentos de esperança. Diferente de outras obras do gênero, como Naruto Shippuden, cuja guerra final dividiu opiniões, My Hero Academia conseguiu equilibrar emoção, clareza narrativa e peso dramático, mantendo o envolvimento do público até o último episódio.

O desfecho da série é essencialmente positivo e coerente com tudo o que foi construído desde o início. A mensagem de amadurecimento, legado e heroísmo cotidiano se mantém intacta, e o destino de Midoriya reflete com precisão sua jornada desde o garoto inseguro até o símbolo que inspirou toda uma geração. Encerrar um mangá semanal após anos de publicação já é um desafio monumental; fazê-lo de forma consistente, emocionante e fiel à proposta original é ainda mais raro.

Com o fim do anime, My Hero Academia se despede deixando um legado sólido no gênero shonen. Mais do que batalhas espetaculares, a obra se consolida como uma história sobre crescimento, escolhas e o verdadeiro significado de ser um herói, e seu final reforça exatamente isso.

Lembrando que todos os episódios da temporada final de My Hero Academia, estão disponíveis na Crunchyroll.

Marcus Vinicius
Marcus Viniciushttps://www.meugamer.com/
Entusiasta do universo dos animes, mangás e tokusatsu, também escrevo sobre cinema, séries e as principais tendências da cultura pop japonesa e ocidental. Meu propósito é compartilhar análises, curiosidades e novidades que aproximam fãs desse universo, unindo informação, entretenimento e paixão pela cultura geek. Do clássico ao contemporâneo, exploro o impacto de produções que marcaram gerações, discuto teorias, mergulho em personagens inesquecíveis e acompanho de perto os lançamentos que movimentam a comunidade otaku. Além do Japão, também abordo obras e fenômenos globais que moldam a cultura pop, trazendo conteúdos que despertam nostalgia, reflexão e novas descobertas para quem vive intensamente esse mundo.

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