O cinema de terror no Brasil tem uma história rica, mas muitas vezes marginalizada. Quando falamos de terror nacional, é impossível não citar José Mojica Marins, o lendário Zé do Caixão, que trouxe para o gênero filmes como À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967). A pegada trash chocava e fascinava: não havia medo de ser grotesco, de explorar a morte e o paganismo de uma forma única, misturando o terror gótico com um folclore tipicamente brasileiro. Foi através dele que se abriu caminho para os filmes de terror nacional.
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Com o tempo, o gênero evoluiu, com tentativas de produções mais modernas, mas, ainda assim, o terror busca seu espaço e sua própria identidade no cenário cinematográfico brasileiro. Apanhador de Almas, que terá sua estreia em 18 de setembro, traz como premissa cinco mulheres explorando a bruxaria e o misticismo em busca de poder — um tema promissor e muito atual, visto que o paganismo e a espiritualidade estão em alta. A história tem um apelo imediato.
O problema, no entanto, parece estar na execução e na falta de clareza do tom do filme. O longa é estrelado por Klara Castanho — que traz em seu currículo sucessos de público, como Tudo por um Pop Star — e marca a estreia nos cinemas da influenciadora Duda Reis, que movimenta cerca de 17,5 milhões de seguidores nas redes sociais. O elenco conta ainda com nomes como Angela Dippe (Castelo Rá-Tim-Bum), Larissa Ferrara (As Aventuras de José & Durval), Jessica Córes (Biônicos, Cidade Invisível) e Priscila Sol (Carinha de Anjo). Mas devemos compreender que não depende apenas dos nomes para uma boa interpretação: há nuances únicas como roteiro e direção para coordenar este espetáculo.
A grande questão que o filme levanta é a sua identidade. A produção parece ter ficado no meio do caminho entre duas propostas: o “Terror Atualizado”, onde a ideia é um filme moderno, bem produzido, que aproveita a bagagem técnica do cinema brasileiro atual; e a “Homenagem Trash Anos 80”, a intenção de criar um filme com uma pegada mais vintage, um visual e uma sonoridade que remetem aos filmes de baixo orçamento de outrora.
Digo isso porque o filme traz um ar de “low budget” e um visual trash crucial. Se a intenção dos diretores Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. era de fato fazer uma homenagem ao cinema dos anos 80 e 90, com um visual mais amador e uma trilha sonora repetitiva, o filme pode ter cumprido sua missão. Nesse caso, a estética propositalmente “ruim” é o seu ponto forte, uma espécie de carta de amor aos filmes nacionais.
No entanto, se a intenção era produzir algo mais “americanizado” ou contemporâneo, como uma referência a H. P. Lovecraft, a execução falhou. A trilha sonora constante e a ausência de suspense, por exemplo, são elementos que desconstroem a tensão que um filme de terror precisa, acabando por anular o efeito de um jumpscare.
Já a atuação, um ponto que não é levado tão em conta nesse caso, não pode deixar de ser citada. Embora as atrizes sejam talentosas, o descobrimento de um estilo de filme até então nunca realizado por nenhuma delas pode deixar a atuação, em certos momentos, clichês.
O filme é um passo importante para o terror brasileiro por abrir portas para o gênero, mas peca por não decidir qual caminho seguir. Ele tem uma premissa forte, mas a execução técnica e a falta de uma identidade clara prejudicam o resultado final.
Gamerdito (Veredito) de “Apanhador de Almas”
O Apanhador de Almas é uma obra que, embora tenha um elenco talentoso e um conceito promissor, se perde na execução, deixando um gostinho de que poderia ter sido muito mais. Por esse motivo, nossa nota é 2,5/5.
Enquanto o longa-metragem estiver em cartaz, é possível consultá-lo através do site Ingresso.com. Depois, ele também estará disponível em plataformas digitais. Fique ciente de que o nosso site não possui vínculo com as marcas citadas nesta publicação.
