Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze chega aos cinemas como um dos maiores sucessos da animação japonesa recente. Essa produção vai além do que uma simples continuação do anime aclamado da MAPPA, o longa se consolida como uma obra cinematográfica madura, emocionalmente devastadora e tecnicamente deslumbrante. Adaptando um dos arcos mais icônicos do mangá de Tatsuki Fujimoto, o estúdio entrega nuances que une brutalidade, beleza e humanidade de forma magistral, elevando o universo de Chainsaw Man a um novo patamar artístico. Nós assistimos convidados pela Sony Pictures e trazemos aqui a nossa crítica.
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A história acompanha Denji, o caçador de demônios com o coração literalmente fundido a uma serra elétrica, que pela primeira vez vislumbra uma chance de viver algo próximo da felicidade. Esse sopro de esperança surge quando ele conhece Reze, uma jovem barista encantadora e misteriosa. O relacionamento entre os dois nasce de maneira pura, quase ingênua, com encontros simples, mergulhos noturnos e pequenos gestos de carinho que revelam o lado mais humano de Denji, algo raramente explorado até então.
Entretanto, essa ternura se transforma rapidamente em tragédia. Reze, na verdade, é a temida Demônio da Bomba, uma arma humana enviada para manipular e eliminar Denji. A revelação quebra o encanto e dá início a uma espiral de violência, traição e dor. Essa dualidade, o amor que floresce em meio à mentira e o afeto que se converte em destruição, é o cerne profundo do filme. A relação entre Denji e Reze é construída com tanta delicadeza que sua ruína se torna ainda mais dolorosa, prendendo o espectador entre a empatia e o horror.

Um espetáculo visual de tirar o fôlego
Se tecnicamente o anime da MAPPA já impressionava, Arco da Reze vai além. A equipe eleva a animação a um novo nível, explorando a técnica kagenashi, que elimina sombras e confere um brilho quase etéreo às cenas. O resultado é um visual vibrante, surreal e profundamente fiel à estética do mangá de Fujimoto. Cada movimento é calculado com precisão; cada batalha é uma coreografia de caos e emoção.
As sequências de ação entre Denji e Reze são um espetáculo à parte. A brutalidade das cenas, ainda que extrema, nunca é gratuita — cada golpe e cada explosão carregam o peso emocional dos personagens. É como se a dor interior de ambos ganhasse forma física na tela. A fluidez da animação, aliada à clareza das composições, transforma cada luta em um poema visual, um contraste brutal entre o belo e o grotesco.

A trilha sonora e as atuações elevam o drama
A imersão do longa-metragem recebe um reforço pela trilha sonora impecável, assinada por Kenshi Yonezu e Kensuke Ushio. As composições transitam entre a melancolia suave e o caos operístico, acompanhando perfeitamente a transição da trama do romance para a tragédia. Há momentos em que a música se cala, permitindo que o silêncio se torne tão pesado quanto o som de uma explosão, um recurso que amplifica a tensão e a sensação de perda.
As atuações vocais também são fundamentais para o impacto do longa. Erick Bougleux, como Denji, traduz com autenticidade o desejo desesperado de ser amado e o medo constante de ser traído. Aline Guioli, por sua vez, entrega uma Reze complexa e fascinante, capaz de alternar entre a doçura genuína e a frieza letal de uma assassina. A química entre os dois atores é palpável e sustenta a narrativa até seus momentos mais sombrios.

Temas profundos e uma dor que ecoa
Em seu núcleo, Chainsaw Man: Arco da Reze é uma reflexão sobre solidão, manipulação e o desejo humano por conexão. Fujimoto sempre explorou a ideia de que o amor, em mundos fragmentados e violentos, é tanto uma força de salvação quanto de destruição. O filme leva essa filosofia ao extremo, mostrando personagens quebrados que se agarram à ilusão de felicidade, apenas para vê-la explodir diante de si.
Denji e Reze representam duas faces da mesma tragédia, ambos são vítimas de um sistema que transforma sentimentos em armas. O que torna o filme tão poderoso é justamente essa contradição, a capacidade de fazer o público sentir empatia por dois seres que, no fim, são incapazes de escapar de suas naturezas. É um romance sem redenção, mas cheio de humanidade.

Ritmo ousado e narrativa arriscada
O ritmo de Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze pode dividir opiniões. A primeira metade aposta em uma narrativa introspectiva, quase poética, que constrói o vínculo emocional entre os protagonistas. Já a segunda metade mergulha em um frenesi de ação e destruição que beira o insuportável e é exatamente esse contraste que dá ao filme sua força. A transição do sonho para o pesadelo é sentida não apenas pelos personagens, mas também pelo público, que experimenta o mesmo colapso emocional que Denji enfrenta.
Essa estrutura arriscada reflete o estilo característico de Fujimoto, um equilíbrio instável entre o sublime e o absurdo, o terno e o grotesco. O resultado é um filme que desafia convenções e exige do espectador tanto emocional quanto esteticamente.

Gamerdito (Veredito): Vale a pena assistir Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze
Por fim, Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze é uma experiência cinematográfica arr epiante. É, ao mesmo tempo, uma história de amor, uma tragédia e uma explosão de puro espetáculo visual. O MAPPA comprova, mais uma vez, porque se tornou uma das forças criativas mais influentes da atualidade e entrega uma das adaptações mais ambiciosas e impactantes da década.
Com animação impecável, cenas intensas e uma carga profunda para os fãs, o longa não apenas expande o universo de Chainsaw Man, mas o reinterpreta como uma meditação sobre o amor e a dor em tempos de violência. É um filme que sangra, que respira, que vive e que permanece com o espectador muito depois dos créditos finais.
Encerro, esta crítica com uma nota 4,5/5, o filme não é perfeito, porém, é um dos projetos mais ambiciosos do MAPPA e entrega uma obra de arte que ficará marcada na história do estúdio.
Lembrando que Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze (Chainsaw Man – The Movie: Reze Arc) estreia nos cinemas nacionais no dia 23 de outubro e os ingressos está estão disponíveis para compra, no site ingresso.com. Fique ciente que o filme possui uma cena pós-crédito.
Em um futuro próximo, após o longa-metragem sair de cartaz, será possível assisti-lo online em plataformas de streaming licenciadas on-demand. Bem como a Crunchyroll, que disponibiliza as temporadas do anime com seus respectivos arcos para assistir.
Vale destacar que a classificação indicativa de +18 é condizente com a intensidade do conteúdo, ainda que reduza os momentos mais leves ou cômicos. Mesmo assim, a força da produção e o engajamento dos fãs tornam o longa um marco essencial na saga dos caçadores de oni. Esta mudança, às vésperas da chegada do longa-metragem aos cinemas, é devido algumas mudanças nas leis brasileiras para preservar o impacto em pessoas mais sensíveis.