Os minutos iniciais de Karate Kid Lendas já mostram a essência dele: o respeito absoluto pelas raízes da franquia. Ao mostrar um Sr. Miyagui (Pat Morita) em uma cena inédita graças aos efeitos especiais, Lendas tenta mostrar às novas gerações a essência mais pura de Karate Kid: a relação mestre-discípulo. A seguir, você compreenderá um pouco mais desta minha crítica!
Já há algum tempo que os filmes deixaram de colocar o número real da sequência. Os estúdios chegaram à conclusão que colocar um “Velozes e Furiosos 9” ou um “Jogos Mortais 8” mais espanta do que atrai público. Assim, seguindo essa tendência, não colocaram “Karate Kid 6”, mas sim Karate Kid: Lendas nesse aqui.
Li Fong (Ben Wang) é um solitário estudante que tem que se mudar da China para os EUA devido ao emprego de sua mãe(Ming-Na, a eterna Chun Li), que recebe um convite para trabalhar num hospital em Nova York. Mas ele carrega um grande peso do passado…
Ele logo conhece Mia(Sadie Stanley) e seu pai, Victor(Joshua Jackson), na sua nova vizinhança em Nova York. É quase uma versão inversa da versão onde Jade Smith era o protagonista, incorporando o personagem Dre Parker o reboot de 2010
Mesmo o filme original sendo do agora distante ano de 1984, o recente sucesso da série Cobra Kai(2018-2025) reavivou o interesse pela franquia. O último filme no cinema (Karate Kid), com Jaden Smith e Jackie Chan, já tinha 15 anos. E o único elo de ligação entre esse filme e o atual é o Mestre Han, interpretado pelo Jackie Chan.
Ainda que o casal principal de atores já sejam bem mais velhos que seus personagens na vida real, eles convencem no papel de colegiais. Este é o primeiro papel do ator Ben Wang como protagonista de um longa-metragem. Sinceramente eu acho que ele deu conta do recado. Joshua Jackson, que despontou para a fama numa série adolescente, Dawson´s Creek, estava meio sumido.
Mas aqui ele se sai bem como o pai de Mia. Ming-Na, mesmo tendo idade para ser a avó do protagonista, ainda consegue se passar pela mãe dele! Uma pena que ela teve poucas chances de mostrar seu talento, porque ela demonstrou na recente série de Mandalorian que ela ainda está em forma.
Outro fator importante no filme é a própria cidade de Nova York. Embora não mostre muito dela, o pouco que mostra é sempre com respeito e carinho pela cidade. Assim, eles conseguem deixar a cidade muito mais acolhedora do que ela realmente é.
O filme é bem linear e sem nada de espetacular. Porém, há boas cenas de lutas, e a química entre o jovem casal funciona bem. Além disso, o elenco mais velho funciona bem também. Victor mostra ser um bom par com o garoto Li, bem como os professores de Li. E embora não haja cenas pós-créditos, o finalzinho do filme nos presenteia com um pequeno fan service em especial para os fãs da série.
Os produtores trouxeram um roteiro prático, sem conteúdo enviesado, algo meio raro hoje em dia, Karate Kid: Lendas é honesto no que se propõe: fazer um filme arroz com feijão bem básico no estilo de luta com a relação mestre-aluno. Porém, é um arroz com feijão bem feito, um comfort food para a alma. E isso por si só já é reconfortante o bastante. Você não precisa ter visto todos os cinco filmes anteriores, nem tampouco a recente série Cobra Kai para apreciar esta obra. Mas ter visto pelo menos o filme original, o primeiro, te ajuda a apreciar melhor a experiência.
Uma curiosidade para nós brasileiros é que esse filme estreou no Brasil semanas antes de estrear na maior parte do resto do mundo, incluindo o próprio Estados Unidos! Talvez o sucesso que a série Cobra Kai alcançou aqui explique essa curiosidade. Poucos países acompanham o Brasil no lançamento mundial: México e Espanha são os outros países que lançam esse filme em suas salas de cinema junto com o Brasil. Chegando oficialmente em 8 de maio de 2025 nos cinemas brasileiros.
Outra curiosidade: Ralph Macchio, o eterno Daniel-San, tem sessenta e três anos na data de estreia desse filme. Doze anos a mais que Pat Morita, o eterno Sr Miyagui, tinha na época de lançamento de Karate Kid 1.
Não foi divulgado o custo de produção do filme. Contudo, considerando que houve locações na cara cidade de Nova York, e que nomes como Jackie Chan constam no elenco, supõe-se que não foi exatamente um filme barato. Claro, não estamos falando de uma superprodução da Marvel, mas também com certeza não é uma produção na escala de um filme de terror barato da A24.
Por fim, o longa-metragem pode não ser uma nostalgia perfeita nem capturar totalmente a alma do original, mas felizmente não envergonha a saga que encantou gerações como a minha. Produzido pela Sony Pictures, o longa foi dirigido por Jonathan Entwistle e com roteiro de Rob Lieber.