Quando a Bethesda anunciou um novo jogo sobre o destino do Slayer, trazendo criaturas das profundezas, logo me perguntei como seria a trilha sonora original. Doom: The Dark Ages entrega duas horas intensas de puro metal e interlúdios que deixam qualquer fã de ação pronto para destroçar o próximo inimigo. Minha resenha é baseada na experiência pessoal ao qual obtive ao ouvir o álbum da trilha sonora oficial do jogo.
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Afinal, esse é o êxtase que sentimos há tempos: enfrentar hordas de demônios prontos para invadir nossa civilização. No entanto, em The Dark Ages, o caçador agora encara criaturas mitológicas, em uma ambientação inspirada na Idade Média. Essa nova abordagem pode até soar como “mais do mesmo” para alguns veteranos, mas a trilha sonora continua sendo o elemento que transforma cada nova jornada do Slayer em algo épico.
Adentrando no abismo medieval de DOOM!
Ao ouvir “From to Ashes”, segunda faixa do álbum, principalmente com fones de qualidade e a equalização ajustada, corpo, mente e alma vibram com os decibéis dos acordes pesados. A composição é assinada pela Finishing Move Inc., grupo que já colaborou com jogos como The Callisto Protocol, Halo, Borderlands 3 e Microsoft Flight Simulator. Cada riff transmite o peso que o Slayer carrega. Isso fica evidente em “Unchained Predator”, onde o enredo flui com uma aura quase tangível, intensificada pelos sintetizadores.
A força dessa faixa está na forma como incorpora elementos que te arrastam para lugares sombrios. Das 35 músicas, essa é, na minha visão, a que mais captura o que chamamos de insanidade sonora. Em “Hebeth”, o peso dá espaço a passagens atmosféricas, quase etéreas — com sopros suaves, cordas melancólicas e vocais que lembram assobios ou cantos esquecidos em ruínas antigas. Essa variação impede que a trilha se torne repetitiva.
Esses contrastes não apenas quebram a tensão, como aprofundam a ambientação sombria e ritualística do novo DOOM medieval. São momentos que evocam mistério e reverência, como se estivéssemos caminhando por templos profanados ou terras amaldiçoadas. “Atlan Battleground” traduz essa sensação — uma angústia quase sufocante, como se fosse impossível escapar do destino.
Já “Holy City” nos transporta para um cenário de clérigos em busca de redenção, mas com cantos que soam como uma força aniquiladora. A sensação melancólica é intensa, difícil de explicar. Em “Unholy Siege”, o medo toma forma: guitarras, bateria e baixo evocam uma marcha demoníaca que se aproxima do Slayer, pronta para arrastá-lo ao abismo.
Revertendo o jogo
A virada ocorre em “Pursuit of Demons”. É como enxergar o crepúsculo da manhã iluminando os corpos dos caídos, com o Slayer pronto para o contra-ataque, chutando o desespero para longe.
Logo depois, a calmaria chega — mas é breve. “Hellspawn Rift” acelera os batimentos e anuncia o fim do momento de introspecção. A prisão simbólica, provocada pelos seres das profundezas, exige um acerto de contas. Em “Comic Sea”, sentimos estar presos em um labirinto cósmico, sem saída, mesmo diante da vastidão do universo.
Na reta final, nos aproximamos de um plot twist que pode surpreender ou seguir o óbvio. O fato é que a musicalidade de cada faixa oferece uma experiência única. Para quem já está acostumado com metal, nada é exatamente novo — mas, para os fãs de games, a trilha é visceral. “Battle on the Blackened Tide” é um verdadeiro mar de projeções sonoras, com uma composição digna de créditos finais de um filme futurista.
“Divine Retribution” fecha a sequência com solos marcantes e sincronizados com faixas anteriores, criando uma conexão narrativa sólida. Mesmo sem repetir fórmulas, as músicas se entrelaçam. A franquia, apesar de explorar novos territórios, mantém sua essência, sem parecer apenas uma reinvenção.
Mesmo com altos e baixos recentes, Doom continua sendo referência. O Slayer talvez tenha sido o primeiro protagonista em primeira pessoa de muitos jogadores. E em “Rebuild”, com riffs que evocam reconstrução, sentimos que o renascimento é de experiência — não uma mera cópia. Tudo se prepara para “Colossus Unleashed”: uma faixa grandiosa, onde cada nota exalta o melhor do heavy metal, com guitarra, baixo, bateria e sintetizadores em perfeita sintonia.
não me impactaram como esperado
O encerramento, por outro lado, é irregular. “Blood Spill” e “Between Hex and Flame” não me impactaram como esperado. Mas “Apotheosis” compensou, entregando uma catarse instigante. Parece que viajamos por presságios, com a percepção distorcida — tudo ao redor desacelera, enquanto nossa consciência se acelera à velocidade da luz. Se esse era o clímax pretendido, funcionou.
Depois de tanto caos, redenção e superação, vem o momento de ascender. “He Is Out There” é a chave para encerrar essa jornada. E o faz com elegância. O Slayer jamais esquecerá essa travessia pelas trevas da Idade Média.
A trilha sonora de Doom: The Dark Ages pode não ser a melhor da saga, mas a Finishing Move Inc., colocou alma e dedicação para alcançar um nível que agrada tanto veteranos quanto novos fãs da temática.
A id Software e a Bethesda souberam montar bem a equipe responsável por essa obra. A trilha está disponível gratuitamente nas principais plataformas de streaming. Abaixo, adicionarei a setlist completa e o player do Spotify para facilitar o acesso e ouvir todas as músicas da trilha sonora original.
Confira abaixo a lista com todas as faixas compostas pela Finishing Move Inc.
Todas as músicas de Doom: The Dark Ages
- Invasion
- From the Ashes
- When the Shadows First Lengthened
- Unchained Predator
- Hebeth
- Atlan Battleground
- Sentinel Barracks
- Holy City
- Blood Red
- Last Bastion
- Unholy Siege
- Pursuit of Demons
- Unyielding
- Infernal Chasm
- Hellspawn Rift
- Titanic Prison
- Ancestral Beast
- Transdimensional
- Cosmic Sea
- Into the Void
- What Lies Below
- Battle on the Blackened Tide
- Steel Beyond the Grave
- Rebirth
- Divine Retribution
- Wither and Writhe
- Rebuild
- Colossus Unleashed
- Onslaught of the Damned
- Theomachy
- Blood Spill
- The Prince
- Between Hex and Flame
- Apotheosis
- He Is out There
Doom: The Dark Ages foi lançado oficialmente em 14 de maio de 2025 para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC (via Steam, Epic Games Store e Game Pass).
Vale lembrar que nosso site não possui vínculo com a plataforma de streaming cuja player foi incorporado para que os leitores possam ouvir as faixas. No entanto, optamos por essa plataforma por oferecer melhor fluidez e integração com nosso site, permitindo que a trilha seja apreciada na íntegra.