Syberia Remastered, desenvolvido pela Virtuallyz Gaming e publicado pela Microids ficou conhecido por seu estilo único e seus autômatos enigmáticos, retornando agora ao PlayStation 5. Após dedicar algumas horas à experiência, reúno minhas impressões pessoais sobre seus aspectos visuais, narrativa, modos de jogo, jogabilidade, trilha sonora e desempenho técnico. Confira todos os detalhes desta versão com reformulação gráfica completa de todos os cenários.
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A história é o núcleo da aventura

A história de Syberia sempre foi, para mim, o verdadeiro núcleo da aventura. Acompanhamos Kate Walker, uma advogada norte-americana enviada à Europa com uma missão aparentemente simples: concluir a venda de uma fábrica tradicional. Tudo começa com uma tarefa corporativa, mecânica, quase impessoal. No entanto, conforme Kate se afasta dos escritórios e entra em contato com vilarejos esquecidos, autômatos intrigantes e figuras singulares, o enredo se desdobra em algo muito mais íntimo e transformador. O que parecia ser apenas um trabalho se torna uma busca que a obriga a rever sua própria vida, seus desejos e o caminho que tem seguido até então.
A remasterização preserva integralmente essa jornada de descobertas. Não há mudanças na essência da história, e isso é algo que considero positivo. A força de Syberia sempre residiu no modo como conduz o jogador por uma reflexão silenciosa, revelada por meio de diálogos instigantes, ambientes carregados de atmosfera e encontros que, mesmo breves, deixam marca. É uma trama sobre tomar decisões difíceis, romper com expectativas externas e ter coragem de seguir uma direção que não estava no plano original. A viagem de Kate é tanto geográfica quanto interna, e isso segue funcionando perfeitamente, mesmo tantos anos depois do lançamento inicial.
É verdade que o ritmo permanece lento, e propositalmente assim. Em uma época em que muitas obras apostam em cortes rápidos, cenas explosivas e narrativa acelerada, Syberia segue no extremo oposto. Ele te convida a observar, a ouvir, a absorver cada detalhe do cenário e das pessoas que cruzam o caminho da protagonista.

Mesmo após tantos anos, a história continua atual, justamente porque trata de temas universais: dúvidas pessoais, abandono de certezas, busca por propósito. A jornada de Kate Walker permanece relevante e ressoa com qualquer pessoa que já se viu dividida entre seguir o caminho esperado ou arriscar o desconhecido.
Renovação visual com limitações
Nota-se uma renovação visual completa, que mostra claramente o quanto a tecnologia evoluiu desde o original. Os cenários foram refeitos com muito cuidado, preservando a identidade criada por Sokal, e notei que alguns ajustes ajudam a tornar a câmera fixa mais fluida que a de 2002. Mesmo tendo sido lançado há 23 anos, precisei revisitar a gameplay da versão original para comparar com o que joguei agora. É tempo demais para lembrar cada detalhe de cabeça, por isso fiz uma comparação mais cuidadosa nesta review.
O universo segue encantador, com seus autômatos, mecanismos inusitados e histórias sobre uma antiga civilização ligada a mamutes. Mesmo com o ritmo mais lento e o final em aberto, a experiência continua interessante.
Vários elementos permaneceram praticamente intocados, especialmente as cutscenes não remasterizadas, que quebram a consistência visual e passam a impressão de que o projeto foi feito às pressas ou com orçamento apertado. Isso me frustrou, principalmente nas animações rígidas, menus simples e caixas de diálogo minúsculas. Nada disso arruina a experiência, mas são detalhes que, para mim, mereciam mais atenção.

Em muitos momentos, percebi que Syberia Remastered segue quase exatamente o mesmo caminho do original, o que fez com que eu avançasse automaticamente em várias partes por já conhecer o caminho. Ainda assim, notei pequenas mudanças: alguns enigmas pedem itens diferentes, certos trechos foram encurtados a ponto de virarem um único clique, e há situações em que as pistas aparecem de forma mais direta.
Senti falta de alguns recursos de acessibilidade, como viagens rápidas entre pontos já visitados ou um sistema de dicas mais gradual. Embora o jogo não seja grande, o ritmo lento da protagonista torna cansativo ficar indo e voltando atrás de um item esquecido. Pelo menos o Modo História ajuda um pouco, trazendo um diário que mostra os objetivos e dá orientações,às vezes realmente úteis, outras nem tanto. Mas, se a essência era trazer o requinte do passado — como citei ao mencionar que hoje as pessoas buscam jogos mais objetivos — o remaster manteve a proposta do clássico.
Alguns ajustes de jogabilidade no PlayStation 5
Syberia Remastered no PS5 ganhou melhorias importantes na jogabilidade. O suporte ao DualSense, com vibrações e gatilhos adaptativos, deixou a experiência mais agradável. A movimentação também ficou mais natural, já que agora posso controlar Kate diretamente pelo analógico, sem depender totalmente do antigo esquema point-and-click (Apontar e clicar). A câmera, redesenhada, acompanha melhor os cenários e facilita a exploração.

Notei ainda que a interface ficou mais prática. O novo diário de missões substitui o caderno antigo e ajuda bastante a acompanhar objetivos. Além disso, os dois modos disponíveis: o Modo História, mais guiado, e o Modo Aventura, fiel ao original : permitem escolher o tipo de experiência que quero ter.
Os quebra-cabeças (puzzles) continuam sendo o ponto alto. Eles misturam mecanismos, engrenagens, autômatos e muita observação, mantendo aquela sensação clássica de descoberta. Alguns desafios foram suavizados no Modo História, mas no Modo Aventura a dificuldade tradicional permanece.
Claro que nem tudo funciona perfeitamente. Em alguns momentos senti certa rigidez nos controles, e a câmera, apesar de mais solta, às vezes gera ângulos estranhos. A movimentação de Kate também continua um pouco lenta e, em raras ocasiões, ela parece travar em partes do cenário.
Mesmo assim, saí com uma impressão positiva. A jogabilidade no PS5 encontra um equilíbrio moderado entre o estilo clássico e melhorias modernas, preservando a essência do jogo enquanto deixa tudo mais confortável para quem está conhecendo Syberia pela primeira vez.

No PlayStation 5, o jogo roda em resolução 4K dinâmica, com taxa de quadros estável em 60 fps na maior parte do tempo. Os carregamentos são rápidos graças ao SSD,ainda assim, há momentos em que a performance revela a idade do código original. Pequenos engasgos acontecem em transições de cenário, e a otimização poderia ser melhor. Não chega a comprometer a jogabilidade, mas reforça a sensação de que este é um remaster conservador, não uma reconstrução completa.
O áudio é um dos elementos mais bem preservados. A trilha sonora, composta por melodias melancólicas e atmosféricas, continua sendo um dos grandes destaques. Ela apresenta o tom contemplativo da narrativa, criando momentos de verdadeira imersão.
Os efeitos sonoros foram retrabalhados, mas ainda há limitações. Algumas vozes soam datadas, e a dublagem carece de emoção em certos trechos. No entanto, o conjunto funciona: o som contribui para a atmosfera única de Syberia.

Gamerdito (Veredito): Vale a pena jogar Syberia Remastered em sua tentativa de modernização?
Ao terminar minha jornada por Syberia Remastered, fico com a sensação clara de que este relançamento tenta equilibrar respeito ao legado com pequenas tentativas de modernização. É uma remasterização cuidadosa, porém contida, que atualiza o visual sem mexer na estrutura narrativa que tornou o título um clássico cult. E, revisitando tudo em primeira pessoa, concordo com essa visão.
A nova camada gráfica ajuda a trazer frescor às cidades esquecidas, às máquinas enigmáticas e aos ambientes melancólicos que moldam a atmosfera da série. Ainda assim, ao mesmo tempo em que a modernização visual eleva a experiência, algumas escolhas deixam claro que este não é um projeto ambicioso. Sequências não remasterizadas, animações datadas e a falta de recursos de acessibilidade mais robustos fazem o pacote parecer desigual. Isso não destrói a experiência, mas revela a limitação do escopo assumido pela Microids.
Ademais, é o que realmente sustenta Syberia Remastered. A jornada de Kate Walker continua tocante, relevante e carregada de simbolismo. O ritmo lento, frequentemente citado por veículos americanos como um elemento divisor, funciona para mim como uma ferramenta narrativa, não como obstáculo. É uma aventura que exige paciência, mas devolve essa paciência em forma de atmosfera, reflexão e personagens marcantes.

Disponibilidade do jogo
A jogabilidade, ainda que não revolucionada, foi lapidada o suficiente para tornar a exploração mais confortável. Os puzzles continuam inteligentes e recompensadores, mantendo a essência original, algo que muitos sites internacionais consideram parte do charme único de Syberia. E de fato, senti isso: mesmo quando as mecânicas mostram sinais da idade, o design dos enigmas continua carregando aquela sensação especial de descoberta.
No fim das contas, Syberia Remastered não pretende reescrever sua própria história, apenas torná-la mais acessível para quem deseja revivê-la ou conhecê-la pela primeira vez. E, apesar das limitações, a obra ainda brilha pelo que sempre brilhou: sua alma. Depois de encerrar a aventura, percebi que o maior mérito deste remaster é lembrar por que Syberia ainda importa.
Encerro esta review como uma nota para o jogo Syberia Remastered de 7/10.
Esta é a minha opinião, baseada nas experiências e situações observadas durante os testes para esta review. Embora eu tenha propriedade para desenvolver uma análise crítica, recomendo que cada jogador tire suas próprias conclusões.
Syberia Remastered foi lançado no PlayStation 5, PC (Steam) e Xbox Series X|S em 6 de novembro de 2025. Um gameplay sem comentários pode ser assistido no início desta publicação ou em nosso canal oficial de vídeos na plataforma do YouTube. Uma observação é não há suporte de localização nas legendas em português brasileiro. Compreendo que essa franquia pode não ser tão popular no brasil, mas é uma porta de entrada para quem possui interesse nesse gênero.
É possível encontrar o título na plataforma PlayStation Store. Caso queira ajudar o nosso site a se manter engajado e independente, há links de afiliados para a GOG, pelos quais podemos ganhar uma pequena comissão. Agradecemos à Microids pela liberação da chave do jogo.
