O mercado do entretenimento foi surpreendido nesta sexta-feira (5) com a notícia de que a Netflix está em negociações para adquirir a Warner Bros. Discovery, conglomerado que controla DC Studios, HBO, Cartoon Network, Game of Thrones, Harry Potter e diversas outras franquias históricas.
Leia também:
- Omelete Company desiste da compra do Anime Friends: Entenda os motivos e o futuro do evento
- Metroid Prime 4: Beyond — A nova jornada de Samus começa hoje
- Google Gemini leva desafio de cards à CCXP25 e sorteia PlayStation 5
Com Paramount/Skydance e Comcast fora da disputa, a plataforma de streaming assume a dianteira em uma possível aquisição que, segundo especialistas, pode representar um desastre para o cinema e para a televisão premium.

Por que a Netflix comprou a Warner Bros.?
A gigante do streaming, tradicionalmente focada em produções internas e raramente envolvida em grandes aquisições, enfrenta um problema estratégico: falta de franquias próprias realmente valiosas. Com o fim iminente de Stranger Things e o desgaste de Round 6, a empresa se vê diante de um catálogo forte em volume, mas frágil em propriedades intelectuais duradouras.
Mesmo sucessos como Wandinha e Guerreiras do K-Pop não pertencem totalmente à plataforma, projetos ligados a Amazon MGM Television e Sony Pictures Animation, respectivamente. Outras marcas importantes, como Bridgerton e Monstros, reforçam o portfólio, mas ainda estão longe de competir com o poder da Warner.
A Warner Bros., por outro lado, detém:
- Universo DC (Batman, Superman, Liga da Justiça);
- Game of Thrones;
- Harry Potter;
- Looney Tunes e Cartoon Network;
- O catálogo da HBO, símbolo de excelência televisiva;
- Franquias de cinema como O Senhor dos Anéis, It e Mortal Kombat.
Ou seja, trata-se de uma biblioteca de valor cultural incomparável, exatamente o tipo de arsenal que a Netflix deseja para enfrentar concorrentes que vão de Fortnite a TikTok.

Por que a aquisição pode ser um “desastre” para o cinema
Relatórios iniciais indicam que, caso a compra seja aprovada, a Netflix manteria temporariamente os filmes da Warner nos cinemas, apenas como estratégia de apaziguamento. A tendência, segundo analistas, seria reduzir drasticamente a janela de exibição, até torná-la quase simbólica.
Diretores como James Cameron já classificaram o cenário como “desastroso”. A Netflix não vê o cinema como uma experiência artística, mas como um gasto “ineficiente”. A plataforma prioriza lançamentos diretos no streaming, gerando menor impacto cultural e reduzindo o ciclo de vida das produções.
Em 2025, a Warner teve um ano histórico, com:
- “Uma Batalha Após a Outra” – destaque artístico;
- “Minecraft – O Filme” – sucesso de bilheteria;
- “Pecadores” e “A Hora do Mal” – fenômenos criados por Ryan Coogler e Zach Cregger.
Sob a Netflix, esses títulos dividiriam espaço com reality shows e documentários true crime, reduzidos a meros itens em um oceano algorítmico.

O risco do desaparecimento do selo HBO
A possível integração da HBO ao catálogo da Netflix representa um dos cenários mais alarmantes para o futuro da televisão de prestígio. Se o impacto no cinema já preocupa especialistas, o desaparecimento do selo HBO seria um golpe ainda mais profundo na produção de séries de alta qualidade.
Enquanto a Netflix privilegia conteúdos voltados ao consumo rápido, maratonas e algoritmos que impulsionam volume, a HBO construiu sua reputação em cima de curadoria rigorosa, impacto cultural e narrativas semanais que respiram, permitindo que cada episódio conquiste espaço na conversa pública.
É esse cuidado que deu origem a obras como Succession, Euphoria, The Wire, The Sopranos, True Detective e Game of Thrones, todas marcadas por profundidade artística e relevância duradoura.
O selo HBO funciona, há décadas, como um símbolo de excelência, um parâmetro de confiança para o público que busca histórias inovadoras e bem elaboradas. Caso fosse absorvido pelo modelo da Netflix, esse padrão de prestígio correria sério risco de desaparecer, diluído em uma plataforma que prioriza quantidade sobre impacto. Mais do que a perda de uma marca, seria a perda de uma filosofia inteira de criação.

Uma ameaça ao ecossistema do entretenimento
Além disso, uma aquisição dessa magnitude ameaça o próprio ecossistema do entretenimento. A concentração de catálogos tão importantes em uma única empresa poderia enfraquecer o cinema como experiência coletiva, diluir o peso de franquias históricas e redirecionar a indústria para um caminho cada vez menos diverso.
A criatividade seria comprimida em fórmulas seguras, o espaço para experimentação diminuiria e produções de alto nível poderiam ser sufocadas pela avalanche de lançamentos que compõem o modelo atual de streaming. No fim, a indústria como um todo perderia força, enquanto o catálogo da Netflix apenas ganharia mais títulos, mas não necessariamente mais relevância, profundidade ou significado.

