Basim chamou a atenção em Assassin’s Creed Valhalla, onde os fãs ficaram curiosos sobre seu passado, recebendo um título para chamar de seu em Assassin’s Creed Mirage. Desenvolvido pela Ubisoft Bordeaux como um jogo comemorativo pelos 15 anos da franquia, que transformou o conceito de RPG de ação no Ocidente. Utilizando elementos furtivos, quebra-cabeças e combate corpo a corpo, atraiu jogadores que estavam desejando algo revolucionário no mercado. Contudo, após diversos títulos lançados entre crítica positiva e negativa, eles resolveram mudar a perspectiva do jogo, trazendo elementos mais de RPG e deixando de lado aquela ação e aventura que eram características da saga da ‘Ordem dos Assassinos‘.

Isso dividiu opiniões entre os fãs desta franquia, onde alguns insistiam nas mecânicas clássicas, outros acharam positivas essas novas adições para incrementar o jogo. A verdade é que novos jogadores começaram a aceitar mais esta franquia, enquanto os mais exigentes, que se sentiram traídos, abandonaram a trama. Então, como criar uma sequência para agradar aos antigos e novos jogadores que aceitem ambivalentemente esta versão?

Conversando com o diretor artístico francês da Ubisoft Bordeaux, Jean-Luc Sala, durante a Brasil Game Show de 2023, pude ter uma visão ampliada do conceito implementado nesta aventura. Eles pensaram em trazer o modo consagrado dos primeiros jogos de Assassin’s Creed com os elementos de Odyssey e Valhalla. Para que isso fosse possível, eles levaram os personagens para Bagdá em um período do século IX, durante a Era de Ouro Islâmica, comandada pelo califado de Abbasid.

Caso não tenha experimentado nenhum dos títulos como Mirage e Valhalla, o protagonista desta aventura é Basim Ibn Ishaq, um jovem que perambulava pelas ruas de Bagdá, Iraque, até ser recrutado pela Ordem dos Assassinos. Sua primeira aparição foi durante o Assassin’s Creed Valhalla como um algoz e, ao mesmo tempo, um mentor.

A jornada de um novo protagonista

Apesar das minhas citações sobre a Ordem dos Assassinos, o jogo fará referência sempre como ‘Os Ocultos’, já que ainda possui uma forte influência dos velhos mestres dessas técnicas. O primeiro ato nos coloca controlando o prodígio Basim, cometendo pequenos delitos ao lado de sua melhor amiga Nehal. Detalhe que essa personagem é uma grande reviravolta, a qual não darei spoiler para não estragar suas imersões!

A vida de Basim muda completamente quando ele se depara com o califa Al-Mutawakkil, e sua vida será marcada para sempre, restando apenas o asilo dos Ocultos. É quando finalmente uma mítica anciã e mestra assassina entra na vida do protagonista. Preste atenção nesta personagem, pois será importante para continuar nossa aventura em Mirage. Como sua mentora, o jovem treinará até estar preparado para suas próprias missões, e Roshan fará de tudo para que Basim esteja pronto quando sua hora chegar!

Da mesma forma que os protagonistas anteriores da saga, o personagem principal tem um grande arsenal de armas e ferramentas à sua disposição, incluindo a Hidden Blade, bombas de fumaça, facas de arremesso e dardos venenosos. Os ‘Saltos de Fé’ continuam como partes icônicas dos nossos refúgios.

Após um treinamento árduo para dominar os principais comandos, como uma espécie de tutorial, na introdução de novas mecânicas de combate, incluindo contra-ataques e um sistema de timing para obter vantagem durante as lutas, entre outras coisas. Sinceramente, achei a adição do parry um tanto problemática, saindo das características de fazer um jogo mais dinâmico para ação. Qualquer guarda ou lacaio sem preparo físico parece ter técnicas superiores às de Basim, mesmo com todo o seu treinamento.

Bagdá recriada em mundo aberto!

Percebemos que o protagonista é visto com receio pelos demais membros dos Ocultos, de forma semelhante a Anakin Skywalker na segunda trilogia de Star Wars. Isso não é um trocadilho pela visão do deserto de Tatooine com o deserto em que o jogo é ambientado. O mundo aberto de Bagdá possui um pano de fundo fotográfico esplêndido. Diferente do primeiro ato, eles utilizaram elementos gráficos para impactar o jogador.

Recomendo que vocês não se concentrem apenas nas cidades e suas construções. Assassin’s Creed é conhecido por conter diversos tesouros espalhados pelo mapa, em locais ocultos que poucos acabam explorando. Os cenários possuem um visual que faz parecer que estamos realmente andando por Bagdá do século IX. Apesar de não ser historiador, o modo rico em detalhes adicionados é um ponto para os envolvidos. Desde as construções mais simples, como fortificações, até os palácios altamente detalhados.

Locomover-se pela cidade pode ser feito pelo tradicional Parkour, pois cada construção foi moldada para que o jogador abuse dessas técnicas durante a jogatina. Esse aspecto é o melhor em relação aos demais jogos da saga Assassin’s Creed. As frações do sexto sentido nos ajudarão a encontrar locais secretos ou bloqueados para coletar itens interessantes. Então, explore todos os locais pelo mapa para encontrar fragmentos que nos conectem ainda mais com a história do jogo. Os animais, como cavalos e camelos para via terrestre, e até canoas para viagens marítimas, são meios de locomoção. Ou, quando sincronizar alguns pontos de interesse, utilize a viagem rápida, o que perde a grande profundidade de vasculhar locais secretos.

A furtividade é a melhor solução!

Nosso companheiro de aventuras é a águia quando estamos no Oriente Médio, e Enkidu, uma criatura excêntrica e de instinto desafiador, está encarregado de acompanhar Basim durante os eventos de Assassin’s Creed Mirage. Ao utilizar suas visões para encontrar alvos das missões ou locais interessantes como tesouros, há também um contratempo de Enkidu ser frequentemente alvo dos arqueiros, deixando-o inativo por algumas partes até que eliminemos essas ameaças. É interessante notar que, como mencionei, Basim possui sua visão de águia bastante aguçada, o que lhe dá vantagens, podendo ser uma espécie de balanceamento.

Esses momentos ocorrem apenas quando estamos próximos da missão principal e de elementos que podem nos gerar grandes ganhos de recompensas, obrigando-nos a utilizar o modo furtivo para adentrar nesses locais mais restritos. O que é interessante se não fosse por alguns problemas técnicos. Jogando na dificuldade “Difícil”, a informação diz que isso aumentará a percepção dos inimigos. Estranhamente, em situações de cobertura, somos identificados de fato, mesmo que eles não estejam nos observando. Mas há locais que literalmente estão nos observando e não somos detectados, gerando uma situação estritamente “bizarra”. Mesmo sendo a reencarnação de Loki, um Isu, e tendo os sentidos apurados, sempre é bom ter o auxílio da águia para acessar essas fortificações.

Então, outro meio além dessas habilidades é utilizar fichas que, sinceramente, são difíceis de conseguir para subornar soldados e contratar mercenários para nos ajudar. Caso contrário, infiltrar-se em alguns locais poderá ser demorado, caso você queira ser sorrateiro. Esses momentos aumentam nossas horas de jogatina, ao invés de acelerar no estilo “rush”, criamos um ar cauteloso para invadir estrategicamente cada local.

A importância da furtividade é conseguir eliminar cada inimigo, já que os subchefes de determinada localização e até mesmo os soldados com seus designados cargos possuem armadura que espadas e até a própria lâmina oculta não penetrarão. Uma vez detectado, o personagem terá um comportamento de combate, e a ação furtiva não funcionará. Por isso, um dos motivos para vasculhar locais com itens importantes para ganharmos pontos e investir em melhorias e fortificar nossas armas, bem como nas árvores de habilidades.

Assassin’s Creed Mirage não está livre de problemas técnicos, como bugs, sincronia nas falas e alguns personagens sem expressões. Felizmente, isso não causa problemas em nossa imersão na jogabilidade.

Personagens de Assassin’s Creed Mirage

A grande oculta Roshan, que ensina tudo o que Basim sabe, e principalmente Faladh, nos mantêm ligados aos seus personagens. Outro que aparece ao decorrer da trama é Ali, um revolucionário impulsivo que sempre tenta fazer justiça como um espetáculo e não na clandestinidade. Em teoria, ao longo de nossa jogatina e avanços, começamos a perceber que o protagonista começa a ter uma mudança; quanto maior o poder, maior é sua capacidade para o lado sombrio. Sim, trouxe referência de Star Wars como mencionei logo no início desta análise de Assassin’s Creed Mirage.

Em mais de dezenas de horas de imersão, você não será apresentado a personagens que de fato terão um efeito afetivo próximo. Os demais são genéricos ou apenas complementam a história do jogo. Sabendo que Basim possui uma mente perturbada por visões, é difícil dizer se o que ele vê é real ou apenas elementos para agregar ao desenvolvimento do personagem. Outro fator que aprecio em Mirage é a oportunidade de envelhecimento dos personagens; durante nossos avanços, eles ganham mais expressões faciais como rugas para caracterizar o passar do tempo.

Trilha sonora de Assassin’s Creed Mirage

A trilha sonora possui arranjos de Brendan Angelides, conhecido por seu trabalho em Oxygen, além de séries 13 Reasons Why, e Echoes da Netflix, entre outros trabalhos musicais. Algumas faixas Angelides compartilha ao lado de Layth Sidiq, Diretor Artístico da Orquestra Árabe de Nova York. Como single promocional, a Ubisoft pegou o tema principal “Mirage” e convidou a banda OneRepublic para interpretar esta canção com apoio do músico Mishaal Tamer. O resultado pode ser conferido em outro artigo no site aqui. Continuando nossa observação com a trilha sonora, juntando minha citação da arquitetura das cidades e ambientação e agora com a sonoridade das faixas musicais, o efeito é claro, nos colocando no Oriente Médio.

Bagdá está ainda mais próxima quando incorporamos essa ideia da profundidade da jogabilidade. Falando em faixas musicais da trilha sonora de Assassin’s Creed Mirage, elas são capazes de trazer aquela verdadeira essência da imersão. Ao todo, 49 faixas estão liberadas para que todos possam ouvir na íntegra. O clímax das harmonias é diferenciado, explorando um misto de sentimentos profundos, como alegria, coragem, frustrações e tristeza. É exatamente o modo como percebemos conforme adentramos na trama. Isso soa engraçado, mas com sua ambientação musical, sentimos aquela vontade de ter vivenciado esses momentos, como seria explorar essas épocas tão míticas.

Logo, convido os leitores, ou melhor, os “gamernéfilos”, para ouvir na íntegra todas as faixas musicais nas plataformas digitais de música, como o Spotify e o Apple Music.

Gamerdito (Veredito):

Poderia passar horas relatando os pontos altos e fracos; contudo, explorando esta adição, posso constatar que ela está mais para um jogo comemorativo, em que seus desenvolvedores visaram juntar o útil ao agradável sem querer inventar para que as críticas não fossem pesadas. Pelo seu tamanho, Assassin’s Creed Mirage conseguiu ter a mesma aceitação do público como os três últimos títulos da franquia Assassin’s Creed. O que é surpreendentemente positivo até mesmo por parte de seus desenvolvedores.

Em relação à parte técnica, percebi algumas quedas de frames, nada muito grave. Neste artigo, não promovemos periféricos, considerando que o intuito não é levar nossa análise de Assassin’s Creed Mirage para terceiros.

Aos usuários que tiveram oportunidade de jogar as versões clássicas e as novas mais centralizadas em elementos de RPG, Assassin’s Creed Mirage não exibirá uma evolução na jogabilidade. Embora ofereça uma perspectiva mais agradável aos dois públicos que ficaram divididos entre o modo clássico e o gerenciável.

Por fim, encaro Assassin’s Creed Mirage como uma opção interessante para a franquia, trazendo uma nostalgia. Basim é apresentado como um personagem que nos faz refletir até que ponto pessoas com boas intenções podem se tornar gananciosas.

Além disso, ele é o ponto-chave para direcionar esta saga a novos rumos, reencontrando um novo norte!

Vou além: se nunca jogou nenhum dos títulos anteriores, poderia recomendar começar pela saga de Ezio Auditore. Entretanto, pensando melhor, Mirage é a melhor opção para atrair jogadores que estão abertos para mais de um estilo de jogabilidade.

Finalizo minha análise de Assassin’s Creed Mirage com uma nota geral de 8.5/10.

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Você pode encontrar sua mídia digial de Assassin’s Creed Mirage no website oficial da Ubisoft Store. A desenvolvedora sempre adiciona promoções para os fãs da gigante francesa possa adquirir seus jogos.

Agradecemos à Ubisoft pela liberação da chave do jogo, nos proporcionando a oportunidade de realizar uma análise de Assassin’s Creed Mirage na versão de PC Windows via Ubisoft Connect.

Outras análises de jogos:

• Review de Final Fantasy VII Rebirth
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