É estranho, mas em mais de uma década, podemos observar evoluções em eventos já consolidados, principalmente quando se diz respeito à cultura popular. A CCXP, ao longo dos anos, veio testando maneiras de inovar e trazer o interesse de outros usuários fora do âmbito dos quadrinhos, séries e filmes.

Desde 2023, percebemos uma potencialidade da indústria dos games, com estúdios e desenvolvedoras de jogos fechando parcerias. A gamescom latam, uma colaboração com a gamescom da Alemanha, teve um estande próprio para estimular ainda mais a curiosidade dos geeks nesse evento. Ademais, aqueles visitantes mais apaixonados por quadrinhos podem estranhar a invasão de campeonatos de eSports como o CBOLÃO, idealizado por Baiano. Essa mescla, que posso chamar de um crossover, só tem a crescer no evento com uma nova geração que saberá conciliar esses universos.

Nintendo e Xbox continuaram por mais um ano como parceiras e investiram em estandes temáticos, assim como a Riot Games. Considerando o sucesso da nova temporada de Arcane, ambientada no mundo de League of Legends. No espaço ao lado, montaram uma árvore inspiradora, trazendo um vislumbre extremamente interessante. O visual era totalmente imersivo, deixando os fãs à vontade para vivenciar essa experiência.

Além da expansão dos games, a estética e ambientação dos estandes também impressionaram, com destaque para o visual de uma Tóquio cyberpunk inspirada em Shibuya. O vibrante e cintilante, com toda a multicoloração, mescla-se aos cosplayers que percorrem o evento. Qualquer visitante que adentra pela primeira vez na CCXP sairá encantado. Embora isso possa não ser novidade para usuários mais veteranos. Abri este artigo falando sobre consolidação e busca por inovação. Contudo, o que é inspiração quando estamos no mercado sem alguém que possa alcançá-los? Logo, pensamos em estagnar, o que eles não fazem.

Fica claro que os avanços em filiais na América Latina, como a CCXP México, e tentativas na cidade da Colônia geraram frutos, como a fusão da BIG Festival com a gamescom, citada anteriormente, para formar a gamescom latam. O caso mais recente é o anúncio de que o Omelete Company assumirá o Anime Friends, maior evento especializado em cultura oriental com foco em animes e mangás na América Latina. Todos esses projetos são como tecnologias adquiridas para agregar a uma ferramenta e se manter em primeiro plano.

Apesar desses avanços, o evento ainda enfrenta desafios, como as ausências de grandes marcas em 2024. Como ausências foram sentidas, como novamente a Disney, que marcou presença apenas com uma loja licenciada, além de Netflix e Universal Studios. No caso da criadora do Mickey Mouse, o recente evento D23 pode ter afastado um investidor pesado na CCXP. Já no caso da Netflix, não ocorreu o TUDUM presencial este ano, como no ano passado, quando contou com diversos convidados marcantes para o público brasileiro. Nesse sentido, uma estratégia de mercado pode ter motivado a escolha de não comparecimento. Por outro lado, a Riot Games apareceu pela primeira vez!

O palco Thunder trouxe uma nova configuração e troca de lado para melhorar a logística de quem circulava pelo evento. Trouxe nomes icônicos da cultura pop, desde Mauricio de Sousa, célebre criador da Turma da Mônica, passando por veteranos de Hollywood como Ian McShane, Giancarlo Esposito, Christian Slater, Ben Schwartz, além de atores em ascensão, como Matt Smith, Miles Teller, Anya Taylor-Joy, Ana de Armas e Norman Reedus. Coroando o evento, tivemos Wagner Moura como o homenageado do ano pelo conjunto da obra no cenário nacional, como ator, produtor e diretor.

Em um evento grandioso, sempre poderá haver contratempos, como a queda de iluminação devido a sobrecarga nos estandes. Isso atrasou por alguns minutos certos painéis e atrações, mas nada que fosse um problema, sendo rapidamente contornado. Conseguiram também desafogar um pouco o trânsito na entrada do evento, evitando o caos habitual para quem chegava via translato. Fiz um teste, como experimento social, utilizando caminhada, transfer (gratuito) e veículo particular, e em todos os casos não tive problemas para acessar o local. Diferentemente de anos anteriores, quando o engarrafamento era uma constante, mesmo fora dos horários de pico. Ainda assim, ressalto que em momentos de maior movimento pode haver algum atraso, mas muito inferior ao de anos anteriores.

O Artistss Alley ganhou amplitude, mas, sendo alocado na lateral do evento, confesso que preferia quando estava no centro da estrutura retangular do São Paulo Expo. Localizado na extremidade, algumas pessoas podem simplesmente não visualizar esse “pulmão” que move o evento! Já a área de action figures, liderada pela Iron Studios, encantou colecionadores com peças icônicas e despertou o interesse de novos entusiastas. Além disso, o espaço continua a oferecer oportunidades para jovens ilustradores e quadrinistas, como John Romita Jr., veterano que retornou ao Artists Alley.

O Magic Market foi reformulado e ganhou um design inspirado em vilarejos medievais, simulando cenários clássicos de RPG. Isso trouxe aconchego para fãs desse universo fantástico, proporcionando uma experiência única. Independentemente da experiência do visitante, a organização conseguiu solucionar problemas do passado, garantindo maior fluidez para quem circulava pelo evento.

Por fim, destaco que, apesar da ausência de algumas marcas, a alegria do pessoal de apoio, staff e assessores estava otimizada, superando os últimos anos que presenciei. Isso reforça o compromisso com a evolução, mesmo quando percebemos que ainda há lacunas a serem preenchidas. O futuro dirá se o evento continuará a crescer ou enfrentará a estagnação, mas a CCXP24 provou que rivaliza com qualquer evento global do mesmo segmento.

Estou pronto para um novo épico na CCXP25!