A Forma da Água: Obra de arte aliada à crítica

A Forma da Água é uma obra de arte surreal de magnífica

A Forma da Água é um filme de Guillermo del Toro e possui 13 indicações ao Oscar. Veja o que achamos do filme!

 

A Forma da Água

 

Poesia em forma de filme. Obra de arte surreal. Assim podemos definir A Forma da Água.

 

A história

 

O filme, dirigido por Guillermo del Toro, se passa na década de 60 durante a Guerra Fria. Nele, podemos conhecer Elisa, muito bem interpretada por Sally Hawkins.

A atriz britânica de 41 anos nos apresenta uma personagem que trabalha na parte de limpeza de um laboratório experimental secreto do governo dos EUA.

Elisa é muda e, como dito na história, foi encontrada em um rio quando criança e com marcas de cortes no pescoço. Assim, a personagem ouve, porém não pode falar.

Elisa acaba por conhecer uma criatura diferente no laboratório e se sente conectada ao ser, pois percebe que ele não é apenas um animal, mas sim um ser que sente, entende e responde aos estímulos.

A criatura é mantida presa e maltratada no laboratório e por isso, Elisa decide executar um resgate arriscado e pra lá de apaixonado junto ao seu amigo Giles (Richard Jenkins) e sua colega de turno Zelda (Octavia Spencer).

 

Os Personagens

 

Apesar de nomes de peso como Michael ShannonOctavia Spencer, a protagonista do filme realmente prende a nossa atenção com uma atuação mais do que impecável.

Difícil atuar sem dizer uma só palavra, não é mesmo?! Leonardo diCaprio que o diga por ter recebido o Oscar por “O Regresso”.

 

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A atuação de Hawkins foi o que mais me impressionou. Seus olhos são capazes de nos contar toda a história e o que a personagem está sentido.

Confesso que fiquei presa aos olhos da personagem e ao jeito como ela se desenvolve durante o longa. Inclusive, um ponto a favor do filme por fazer um desenvolvimento maravilhoso de cada personagem.

Vemos Elisa ir de uma mulher invisível a uma personagem forte e destemida com o passar do tempo. Elisa cresce durante o longa e podemos ver cada momento de mudança através de seus olhos e sua ótima atuação corporal.

Além de Elisa, personagens que se destacam são Giles (Richard Jenkins) e Zelda (Octavia Spencer).

 

ATENÇÃO AOS SPOILERS!

 

Zelda, inicialmente, parece ser apenas uma colega de trabalho que reclama o tempo todo. Contudo, o seu crescimento se dá ao ajudar sua amiga Elisa durante o resgate da criatura.

 

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Ao contrário de Elisa, Zelda se mostra forte desde o começo.

O filme retrata no início, de forma sutil, a situação dos negros que vivem nos EUA. Com um trabalho simples, Zelda apenas quer terminar sua jornada e ir para casa cedo sem se envolver em problemas.

Casada com um homem que, segundo ela, só sabe ficar sentado assistindo à televisão; a personagem nos mostra, aos poucos, que está ali para defender sua amiga e, no fim, acaba cedendo e ajudando-a.

Outro personagem importantíssimo na trama é Giles, interpretado por Richard Jenkins.

Giles é o melhor amigo de Elisa. Um homem velho e que se vê perdido ao tentar procurar trabalho. Giles é um grande artista. Pinta quadros magníficos e costumava trabalhar criando propagandas.

No longa, vemos Giles tentando criar uma propaganda de uma gelatina verde. Infelizmente, o personagem acaba perdendo para as fotografias que começam a chegar no mercado e prometem mudar o conceito das propagandas.

 

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De forma sutil, o filme vai nos apresentando um outro grande tabu: ser gay na década de 60.

Vale mencionar como Guillermo conseguiu tratar de assuntos tão delicados sem que abrisse caminho para críticas pesadas.

Infelizmente, sabemos o quão difícil é tratar de assuntos como homossexualidade e racismo nos cinemas – visto às críticas recebidas por Pantera Negra.

No entanto, apenas nos damos conta do assunto quando Giles resolve “se declarar” para o rapaz do restaurante e é ignorado. Além de presenciar uma cena em que o rapaz simplesmente expulsa um casal de negros de seu restaurante.

Nessa hora Giles diz que isso não era necessário e ouve um “Você deveria ir embora e não voltar mais. Esse é um restaurante de família”.

Esse é o empurrão que o personagem precisava para ajudar Elisa em sua luta.

 

O bom homem da família feliz

 

Além de Giles e Zelda, como não falar de Richard Strickland, interpretado por Michael Shannon?! Outro personagem que tem uma evolução enorme ao longo do filme.

 

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Vemos um homem que precisa servir ao governo e ter a família perfeita, o carro perfeito, a vida perfeita.

Chega a ser irônico ver a família reunida ao assistir à televisão, quando sua esposa traz a gelatina verde da família feliz. Aquela da propaganda que o Giles tentava fazer.

No entanto, isso acontece depois de Richard ter “deixado” a criatura escapar, perdido dois dedos e ainda ter seu carro novo amassado.

Vemos o personagem mudar e atingir o seu auge ao ir à casa de Zelda e confrontá-la para saber onde está a criatura. Em um momento de fúria total, Richard arranca seus dedos dois que haviam sido reimplantados e joga-os no chão da sala de Zelda.

Confesso que essa cena me deixou um tanto assustada e ainda mais ansiosa.

 

Fotografia e Maquiagem

 

Uma das melhores partes do filme é sua fotografia que alcança o nível de poesia.

Parece que Guillermo escreveu um novo Romeu e Julieta através de ângulos mais do que certos e imagens captadas de forma impecável.

A maquiagem da criatura é surreal de tão bem-feita.

Cenas perfeitamente criadas para que lhe fizessem sentir o que os personagens sentem.

A cena do banheiro é uma delas. Um baile silencioso em meio à água. Um casal que, mesmo sem palavras e envolto à ondas de problemas, fará de tudo para ficar junto.

 

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Para finalizar a fotografia magnífica, a cena final!

Nela, Elisa, enfim, pode assumir sua forma e perceber que é semelhante à criatura e que pode viver com ela. O que nos faz pensar se somos assim tão diferentes uns dos outros.

Além disso, durante o filme vemos inúmeras críticas à política. Ao ser confrontado pelo cientista que diz que a criatura não deve ser morta, pois é capaz de se comunicar e compreender emoções, Richard apenas responde: “Os soviéticos e os coreanos também. Ainda assim os matamos, não é?”.

Com certeza, um filme que nos faz pensar o que é de fato ser um Humano e o que nos diferencia de todos os outros seres.

Para terminar temos um belíssimo poema dito por Giles:  “Incapaz de perceber a Tua forma, Te encontro ao meu redor. Tua presença preenche meus olhos com Teu amor. Humilha meu coração, porque Tu estás em todo lugar…”.

O que dizer do filme? Pura poesia!

 

 

 

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