Bacurau surpreende com enredo convincente
Bacurau é um soco no estômago. Saindo um pouco do usualmente encontrado nos filmes brasileiros, este filme trilha caminhos difíceis de serem classificados sem dar muito spoiler. Mas pode se dizer que Bacurau flerta com a ficção, mas flerta principalmente com o faroeste.
Sendo assim, somos lentamente apresentados aos habitantes de Bacurau, ao seu ritmo de vida. Quando já estamos começando a acostumar com esse pequeno vilarejo, as coisas começam a acontecer.
Com algumas boas reviravoltas, Bacurau honra a tradição dos filmes que de alguma forma, captam o momento atual e o encapsulam de uma forma diferente, de modo que conseguimos enxergar a situação de um outro ângulo.
Os diretores Juliano Dornelles e Kléber Mendonça têm conseguido se destacar com filmes como Aquarius e O Som ao Redor. Filmes com mensagens e estilos diferentes entre si, mas que têm em comum o fato de forçarem o espectador a ver um Brasil distante de São Paulo e Rio de Janeiro, distante do que estamos acostumados a ver na tevê, mas ainda assim, Brasil.
A fotografia e o som de Bacurau estão ótimos, nos transportam muito facilmente para essa fictícia Bacurau. Mas sabemos que o Brasil é cheio de Bacuraus espalhados no interior, longe das capitais. Outro ponto é que uma parte do elenco foi contratada localmente, e eles contracenam lado a lado com atores do porte de uma Sônia Braga sem ficar para trás, dando assim mais veracidade ao filme.
Embora tenha perdido a disputa interna para ser o representante do Brasil na corrida pelo Oscar, o filme tem ganho vários prêmios dentro e fora do país. E mesmo tendo um valor inegável como obra de cinema marcante e genuinamente brasileira, tem que se admitir que nem todos irão apreciar Bacurau. O filme tem cenas fortes que podem desagradar os mais sensíveis.
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