Se Call of Duty: Black Ops 7 fosse indie seria considerado bom

As escolhas experimentais aproximam o jogo do estilo indie, criando contrastes fortes com o padrão da série

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A franquia Call of Duty: Black Ops sempre foi considerada experimental; todas as críticas mais severas foram escaladas nela, e com Black Ops 7 não é diferente. Com a chegada desse novo título da saga Black Ops, ele continua dinâmico e agora apenas no modo online. Não é novidade, mas inclui o cooperativo no estilo Gears 5. A Activision reuniu inúmeros estúdios que possuem para entregar uma imersão que está mais para uma desenvolvedora independente. Quando cito “independente”, não é no sentido de que indie games sejam ruins, mas para expressar que a ousadia da experimentação é positiva — contudo, não quando vem de um estúdio consolidado.

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O último Black Ops 6, que inclusive tem review em nosso site, exibiu uma melhoria considerável na jogabilidade, e até o roteiro ficou interessante. Neste atual, eles revisitam diversos títulos anteriores baseados nas memórias dos combatentes, de Mason em diante, trazendo um “déjà vu”. Isso seria legal, mas quem nunca jogou não compreenderá nada do que está acontecendo na situação atual da trama. Se a pessoa se interessou pela dinâmica e pela história do jogo, ficará confusa e desorientada no momento em que entrar no modo campanha multijogador. A velocidade que os demais jogadores impõem — os famosos rushers — e a falta de tempo para apreciar a gameplay fazem o jogo parecer corrido e genérico.

Melhorias nos NPCs de Call of Duty: Black Ops 7

Apesar de ter lados positivos que observei, como no quesito dos NPCs — um dos melhores, se não o melhor, de toda a franquia — agora eles conseguem parecer menos IA e mais humanizados. A ponto de um levantar o outro quando ferido, dar cobertura e munição, além de aplicar táticas de combate para dificultar nossas investidas. Por outro lado, como tudo isso ainda é recente para a franquia, há momentos em que esses soldados inimigos não identificam nossa marcação mesmo estando praticamente em sua frente. Algo que normalmente jogos independentes poderiam ter, mas estamos falando de uma megacorporação que, há poucos anos, faz parte do conglomerado Xbox Game Studios ao lado da Blizzard.

Na minha visão, o gameplay é interessante: instigante, com momentos bem psicodélicos e viajantes — só que extremamente curta. Você dirá que isso não é Call of Duty, já que parece uma mistura de Silent Hill, Resident Evil e Dead by Daylight, com adições de ação e shooter. Como informei, Black Ops sempre foi uma versão de experimentação. Quando a Treyarch publicou o primeiro jogo, em 2010, trouxe um ar mais nostálgico para encaminhar o que teríamos atualmente, já que o segundo ousou e entregou algo mais futurista, com trilha sonora de Skrillex — que estava começando a ganhar fama após sua saída da banda From First to Last e uma batalha contra câncer de garganta — com a canção “Try It Out”, em parceria com Alvin Risk. Talvez a cena no Club Solar tenha sido uma das mais épicas: quando chegamos, todos estão no transatlântico dançando na balada, e o caos se instaura. Ali, Mike Harper já era um destaque, na voz e captura de movimento do icônico Michael Rooker, que também deu vida a Yondu Udonta, pai adotivo de Peter Quill em Guardiões da Galáxia.

mike harper persona call of duty black ops
(Divulgação)

Nessa época, o jogo havia sido supercriticado por mudar o que conhecíamos da franquia. Mais tarde, o tradicional modo campanha seria substituído por multiplayer no lançamento de Black Ops 4, numa época em que a internet ainda não era tão estável para forçar jogos de alto desempenho exigindo conexão online. No entanto, ainda assim conseguiu atrair muitos jogadores que preferem jogar apenas contra outros jogadores. O máximo que se tinha era explorar algumas histórias dos especialistas para conhecer um pouco mais deles — o que não podemos chamar de campanha. O jogo conseguiu bater recordes financeiros, mesmo não sendo o maior em vendas totais, exibindo a força da franquia.

Retornando para Call of Duty: Black Ops 7, o fator de permitir que quatro usuários joguem juntos pode ser estressante se não houver comunicação — para um pode ser tranquilo, para outro nem tanto. Porém, a possibilidade de seguir caminhos diferentes dependendo da missão é bem positiva, sem tantos trajetos lineares. A dificuldade é moderada e depende muito do desempenho dos jogadores. Acredito que toda essa experimentação será utilizada nos próximos jogos da franquia, que são mais pé no chão, introduzindo feedbacks positivos dos usuários. Uma coisa que gostei nessa experimentação é a mixagem de som, que é a melhor — superando até mesmo a trilogia do remake de Warfare.

O retorno de David “Section” Mason (Milo Ventimiglia) e todas as suas sombras do passado é interessante para aqueles que jogaram os primeiros títulos. O lado positivo é que a ousadia de colocar o modo multiplayer como um projeto experimental funciona — não que isso não aconteça no modo zumbis. No entanto, aqui há uma profundidade maior que antes só era possível na campanha solo. Se isso resultará em vendas ou prejuízo, só o tempo dirá quando a Microsoft divulgar os números obtidos com o lançamento de Call of Duty: Black Ops 7.

Todos os quatro personagens jogáveis do modo multiplayer da campanha de Call of Duty: Black Ops 7.
(Reprodução)

Fique ciente de que este artigo não é uma review, apenas uma visão sobre se tudo que foi entregue neste jogo estaria à altura de um desenvolvimento blockbuster ou mais próximo de jogos indies. Nossa análise completa pode ser acompanhada em outro artigo.

Enfim, o jogo está disponível para PlayStation, Xbox Series X|S e PC Windows na plataforma Steam, além do Game Pass.

Jefão Calheiro
Jefão Calheiro
Apaixonado por games, filmes de ficção científica, séries e tudo que envolve tecnologia e inovação, com mais de 15 anos de experiência comentando e analisando esses temas. Além disso, sou curioso por astronomia e, nas horas vagas, tento observar o cosmos como um astrônomo amador. Acredito no poder das opiniões e no respeito à diversidade de pensamentos. Em minhas análises, busco compartilhar conhecimento de maneira clara e acessível, ajudando o público a se conectar com as novidades do mundo do entretenimento e da tecnologia. Ah, e como bom flamenguista, vibro junto com o maior clube brasileiro, o Flamengo! Vamos, gamernéfilos, porque todo dia tem novidade nesse universo em constante expansão. =)

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