Podemos questionar muitas coisas que a centenária empresa japonesa da Nintendo pratica com seus consoles e preços dos jogos. No entanto, algo inegável é como ela consegue reciclar há quatro décadas e com excelência jogos da franquia do Super Mario Bros.. Com lançamento original em 13 de setembro de 1985 no Japão e, mais tarde, na Europa e América, Super Mario Bros. tratou de revolucionar como eram os jogos de aventura e ação na indústria dos games.
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Sendo essa versão uma das que mais achei interessante quando criança, contou com Shigeru Miyamoto, Takashi Tezuka e Kazuaki Morita adicionando imersão para este título. Além é claro das composições de Koji Kondo, deixando cada tema da trilha sonora mais clássica.

O Nintendo Entertainment System (Famicom Computer), e mais tarde chamado por todos de NES e no Brasil de Nintendinho, era responsável pelo atrativo de muitas crianças nos anos 80. Entendo que, naquele período, as crianças e adolescentes ainda brincavam nas ruas e interagiam com os amigos. Mas, quando estavam dentro de casa e finalizavam suas lições de aula, partiam para os videogames.
A evolução da franquia
Mario e Luigi me deram uma boa perspectiva do que era um desafio, ao qual, naquele período, ter o desejo de superar cada estágio era um objetivo de todos. Após a aclamação, vieram outros jogos como The Lost Levels, Super Mario Bros. 2 e Super Mario Bros. 3, que trouxeram mais uma nova evolução adicionando mecânicas e elementos que faziam toda diferença para quem estava jogando.
Mas foi com Super Mario World, de 1990 no Super Nintendo (SNES), que a franquia conquistaria o mundo. Acredito que todas as pessoas que tiveram um console da Nintendo naquele período jogaram esse título. Não só pelo motivo de ele vir por padrão com o videogame, mas sua premissa de mundos, elementos de poderes, fases secretas, atiçavam o jogador a querer explorar cada parte do mapa.

Por muitos anos, esta versão da franquia foi a mais comentada, até que em 1996 a Big N, entrando nos 64 bits, lançou Super Mario 64, uma versão inteiramente em 3D do bigodudo que havia começado como encanador e mais tarde teria múltiplas profissões. Mudaria nossa perspectiva de como observávamos seus jogos.
Lembrando que, nesse meio tempo, a empresa também havia expandido os jogos da saga para suas outras pla,0taformas, nos seus consoles portáteis, como Game Boy, GBA e todos os demais portáteis sob patente da Nintendo. Como este artigo é focado nos 40 anos do Super Mario, estou pulando sagas paralelas como Mario Kart, Mario Paint, Mario Party, Paper Mario, Super Smash Bros. e Mario Sports para não perder o foco.
Depois tivemos Super Mario Galaxy, um dos jogos mais aclamados — se não o mais aclamado. Provavelmente foi esse o motivo de a Nintendo ter escolhido este título como continuação do live-action, que estreia em 2026.

Inovação e reinvenção
O jogo permitia, como o nome já diz, visitar galáxias e encontrar mundos únicos para explorar, seja jogando com o bigodudo ou com seu irmão Luigi. Novas perspectivas, enredo atraente, fases desafiadoras, itens escondidos e um vasto mundo para vasculhar eram um momento para segurar o foco dos jogadores.
Poucas empresas, como a Nintendo, conseguem relançar jogos mudando algumas perspectivas, mesmo que você possa dizer que é uma cópia do anterior com evolução. Sim, os jogos da franquia não têm segredos, sabemos tudo que vamos ter que fazer e aventurar. Mas as perspectivas e como são trabalhados os desafios, cenários e personagens criam um clímax totalmente positivo. Cada novo personagem faz total diferença e eles são adicionados de modo natural, agradando cada fã da saga.
Wario, por exemplo, é um algoz, mas seus jogos são extremamente inteligentes e até mais desafiadores que a franquia original que o fizera ganhar fama. Meu filho pequeno fica mais atraído pelos jogos do Wario pelo desafio ao invés do próprio Super Mario. Isso mostra que a Nintendo sabe transformar qualquer personagem da franquia em atrativo e também em rentabilidade financeira.
Lembrando que entre os consoles do N64 até o início do Wii, a Big N passava por transições, não conseguindo emplacar vendas consideráveis para sustentar seu investimento no quesito de consoles de mesa. Pois, o Nintendo Wii conseguiu ser o primeiro console de mesa a quebrar a barreira de 100 milhões de unidades vendidas, algo que só seria alcançado uma década depois com o Nintendo Switch, ultrapassando mais de 154 milhões de unidades vendidas.
Mesmo que tenha mencionado que o foco é na franquia principal, não podemos negar que Mario Kart, em quesito de vendas, conseguiu ter maior rentabilidade em jogos vendidos. Por conseguir atrair uma maior imersão para duas pessoas e, nos mais recentes, dezenas de pessoas em multiplayer online, é mais fácil conseguir atrair olhares pensando nessa pluralidade. Já no console híbrido, com Super Mario Odyssey, a franquia trouxe ainda mais engajamento e diversão, conquistando prêmios como Melhor Jogo para Família no The Game Awards de 2017, além de outras premiações no BAFTA e muito mais. Não podemos negar que, ao longo dessas décadas, a saga foi amplamente premiada.
O último jogo direto foi Super Mario Wonder. Se desejarem, podem ler nossa review: o título conseguiu inovar em diversos aspectos e perspectivas, trazendo novas possibilidades e sendo o último lançamento original para o Nintendo Switch antes do NS2.
O segredo do sucesso
A verdade é que a mina de ouro da criadora de jogos para família é sua essência de conseguir atrair pessoas de todas as idades. É normal ouvir pessoas apelidando jogadores que jogam os títulos da Nintendo de “síndrome de Peter Pan”. A questão, na minha visão, está mais pela nostalgia da infância desses jogadores. Devido à portabilidade de aparelhos portáteis, como foi no próprio Game Boy, Nintendo 3DS e, com a parte híbrida do Nintendo Switch, quem era criança no seu lançamento hoje são adultos e muitos pais, passando esse sentimento nostálgico para as próximas gerações. Mesmo que os gráficos tenham evoluído para algo mais realista, manter uma visão cartunesca e colorida é um dos segredos do sucesso.
A facilidade na curva de aprendizagem é um trunfo: você não necessita apertar múltiplos botões para conseguir avançar. Andar, correr, pular e às vezes segurar objetos é superobjetivo para qualquer pessoa. A dificuldade gradativa e também opcional foi entendida pelos desenvolvedores: se uma pessoa descobrir um elemento secreto, terá um pouco mais de dificuldade; mas, se desejar apenas casualidade, poderá passar sem problemas.
Isto instiga todos aqueles que apenas querem passar o tempo sem muita complexidade em cada fase. Citei personagens marcantes: além da dupla Mario e Luigi, temos Princesa Peach, Bowser, Yoshi, Toad, Wario, Waluigi, Donkey Kong e Rosalina. Muitos ganharam seus próprios jogos. A gama de possibilidades nesses 40 anos da franquia Super Mario é algo que poucos jogos conseguem alcançar e ainda manter uma base de fãs apaixonada.

Jamais esqueço minhas primeiras vezes aventurando na jornada no mundo de Mushroom Kingdom (Reino Cogumelo), em Yoshi’s Island, Bowser’s Kingdom, Dinosaur Land, entre outros. Verdadeiramente, sem esta franquia, o mundo dos games jamais seria o mesmo. Todas as inspirações para futuros desenvolvedores, que conseguiram trazer outras sagas tão boas quanto, mesmo que nunca aos pés de Super Mario Bros., nos codificam para exibir toda grandiosidade que foi essa criação.
Para comemorar esta data, a Nintendo, em seu Nintendo Direct no último dia 12 de setembro, véspera do aniversário de 40 anos do Super Mario, anunciou uma série de coletâneas de Super Mario Galaxy e Super Mario Galaxy 2, além de derivados. Isso prova toda a confiança e satisfação de saber que outros jogadores terão oportunidade de jogar com gráficos aprimorados para uma maior imersão.
Independente de quaisquer altos e baixos e controvérsias que tenham agradado ou não a comunidade gamer, posso dizer que agradeço à Nintendo por esta criação. Fizeram minha paixão pelos videogames ser o que é hoje, uma profissão da qual posso viver. Caso nunca tenha jogado, convido vocês a jogar, seja nos consoles antigos ou atuais, bem como no último Nintendo Switch 2.
Se, porventura, não consiga acesso devido ao valor, há versões simplificadas nos dispositivos móveis com sistemas operacionais Android e iOS, como Super Mario Run e Mario Kart Tour. O importante é ter acesso a essa essência e entender o que foi, talvez, a primeira paixão de muitos gamers, e compreender o impacto que Super Mario Bros. teve — e ainda tem — na indústria dos games.
Finalizando com títulos da franquia principal e derivados, ao qual o bigodudo é a estrela principal do show:
Jogos de Plataforma da Série Principal Super Mario (Nintendo)
- Super Mario Bros. (1985, NES/Famicom)
- Super Mario Bros.: The Lost Levels (1986, Famicom Disk System; relançado como parte de Super Mario All-Stars)
- Super Mario Bros. 2 (1988, NES; versão japonesa é The Lost Levels, versão americana é adaptada de Doki Doki Panic)
- Super Mario Bros. 3 (1988, NES/Famicom)
- Super Mario Land (1989, Game Boy)
- Super Mario World (1990, SNES)
- Super Mario Land 2: 6 Golden Coins (1992, Game Boy)
- Super Mario All-Stars (1993, SNES; compilação remasterizada dos primeiros quatro jogos)
- Super Mario World 2: Yoshi’s Island (1995, SNES)
- Super Mario 64 (1996, N64)
- Super Mario Sunshine (2002, GameCube)
- New Super Mario Bros. (2006, Nintendo DS)
- Super Mario Galaxy (2007, Wii)
- New Super Mario Bros. Wii (2009, Wii)
- Super Mario Galaxy 2 (2010, Wii)
- Super Mario 3D Land (2011, Nintendo 3DS)
- New Super Mario Bros. U (2012, Wii U)
- Super Mario 3D World (2013, Wii U)
- Super Mario Maker (2015, Wii U; inclui níveis clássicos e criação de novos)
- Super Mario Run (2016, iOS/Android; mobile, mas desenvolvido pela Nintendo)
- Super Mario Odyssey (2017, Nintendo Switch)
- Super Mario Maker 2 (2019, Nintendo Switch)
- Super Mario 3D All-Stars (2020, Nintendo Switch; compilação de 64, Sunshine e Galaxy)
- Super Mario Bros. 35 (2021, Nintendo Switch Online; battle royale com mecânicas clássicas)
- Super Mario Wonder (2023, Nintendo Switch)