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Indiana Jones e a relíquia do destino - Walt Disney Pictures / Lucasfilm

Indiana Jones é um personagem icônico. Homenageando os filmes de aventura dos anos 20 e 30 (sim, de 1920 e 1930!), Indy consagrou Harrison Ford como um dos grandes nomes de Hollywood, junto com pessoas que você talvez já tenha ouvido falar, como Steven Spielberg, George Lucas e John Williams.

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981) define o herói. Longe de ser um Super-Homem sem falhas, ele tem medo de cobras, é impulsivo… mas é humano e o público se identificou com ele. Com a Última Cruzada (1989), a trilogia fechava com chave de ouro.

Bom, assim parecia. Mas, em 2008, a ganância falou mais alto e Spielberg cedeu aos desejos do estúdio em mais uma continuação. Assim, nasceu Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Filme sem alma, fraco e com roteiro fraco, foi de longe o ponto baixo do personagem.
Estamos em 2023. E agora, recebemos Indiana Jones e a Relíquia do Destino. O lado positivo é que esse filme 5 é melhor que o 4. O lado negativo é que todos sabem que isso não quer dizer muita coisa. O fato de Spielberg ter pulado fora desse não é bom sinal.

James Mangold é o diretor desse novo Indiana. Ele já fez porcarias como Wolverine Imortal(2013). Mas também nos deu ótimos filmes como Logan(2017) e Ford x Ferrari(2019). Para que lado pende esse novo Indy?
Após uma ótima sequência inicial, vemos Indiana Jones velho e aposentado. E aí conhecemos a Helena Shaw, afilhada também arqueóloga que o empurra a uma nova sequência de aventuras. Temos breves participações especiais de velhos personagens dos filmes anteriores, mas tudo bem rápido.

Phoebe Waller-Bridge

Me desculpe quem goste da Phoebe Waller-Bridge na série de comédia Fleabag. Mas aqui ela não funciona; mais que isso, ela é um dos pontos baixos do filme. Sua personagem, Helena Shaw é mais uma Mary Sue. O que é uma Mary Sue? É o personagem sem defeitos (masculino ou feminino), melhor do que todos os outros porque sim. Exemplo clássico: Rey da nova trilogia Star Wars. A Rey pilota melhor que o Han Solo, é melhor jedi que o Luke Skywalker, mais poderosa que o Palpatine… Todo mundo se identifica com personagens com problemas, como o Homem-Aranha. Mas ninguém gosta de uma Mary Sue. E essa aqui não é exceção.

Resultado final

Isso não é só uma impressão, é um fato. Houve sessões teste onde a personagem Helena substitui retroativamente Indiana Jones em todos os filmes da franquia. Esse final foi massacrado por todos. A tal ponto que tiveram que refilmar esse final. Ninguém gosta de revisionismo, de reescrever a história, não importa se de fatos reais ou de um simples filme . Simples filme é só um modo de dizer, claro, porque Indiana Jones é um dos grandes ícones do cinema, um clássico. Mexer com clássicos requer cuidado, requer respeito. Fazer revisionismo em clássico seria um desrespeito total, o que o público vetou. Mas isso não quer dizer que o resultado final tenha ficado bom.

A Disney está em crise. Ela perdeu 123 bilhões de dólares em valor de mercado só em 2022. Em 2023, a Disney continua ladeira abaixo. O acumulado de lucro dos últimos 8 filmes de Buzz Lightyear pra cá já acumula quase 1 bilhão de prejuízo. E com o custo de 294 milhões de dólares, nada indica que esse Indiana Jones reverterá essa trajetória, já que ele terá que alcançar pelo menos uns 650 milhões para ficar no zero a zero. Com o acúmulo de blockbusters sendo despejados no cinema esse ano, a concorrência está dura.

De fato, talvez 2023 esteja indicando aos estúdios que os velhos caminhos de reboots e continuações infindáveis em mega superproduções já deu Coincidência ou não, os três filmes de 2023 com melhor retorno financeiro custaram exatos 100 milhões: Super Mario, John Wick 4 e Homem-Aranha Através do Aranhaverso. Assim, ou você é o James Cameron, ou se contente em lucrar com filmes na faixa de 100 milhões de custo. Afinal, de que vale faturar uma bilheteria de 700 milhões, se você precisa de 800 para sair do vermelho (né, Velozes e Furiosos 10)?

Indiana Jones 5 vale pela sua sequência inicial, que mesmo com o uso massivo de computação para rejuvenescer o Harrison Ford, nos remete ao velho Indy da trilogia clássica. Era o Indy que todos queriam ver, que a nostalgia bate mais forte. Era só isso que o público queria. Pena que essa sequência inicial não dura meia hora. E nas 2h restantes, foi imposto a Mary Sue, digo, a Helena Shaw. Há paradoxos temporais, há sequências de ação ok. Mas o anti carisma da Mary Sue não dá para engolir. A grande questão é: se o filme é melhor que o antecessor, mas fica longe da trilogia original, qual o sentido de existir?

Nota: 2.5/5.0

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