Tivemos a oportunidade de jogar SLEEP AWAKE, que lançou recentemente no dia 2 de dezembro para PC, PS5 e Xbox Series X/S pela Blumhouse Games e Eyes Out — os mesmos que criaram Fear the Spotlight. A empresa, conhecida por trabalhar com sua divisão de cinemas em inúmeras produções de sucesso no gênero de suspense e terror, agora adentra na indústria dos games com tudo. A review deste jogo é nossa visão sobre a abordagem que essa nova IP (Propriedade Intelectual) pode acrescentar aos fãs deste gênero.
O enredo se passa no futuro distante, na última cidade conhecida da Terra, devastada por “The HUSH”, um fenômeno inexplicável que faz as pessoas desaparecerem ao dormir. A sociedade entrou em colapso, com facções dogmáticas e cultos que guerreiam por soluções para manter todos acordados, recorrendo a experimentos dolorosos e soros narcóticos que induzem visões psicodélicas. Você controla Katja, uma garota narcoléptica, vulnerável e determinada, dublada pela atriz de voz Persia Numan, uma jovem que luta para sobreviver.

O roteiro explora temas de luto, paranoia e a fragilidade da sanidade num mundo pós-apocalíptico. A forma de abordagem da história não torna o game clichê e até me lembrou, em certos momentos, um pouco do filme “Awake” (2021), que fala de uma sociedade que não consegue dormir e dos efeitos e causas da loucura coletiva.
O game é uma experiência de horror psicológico em primeira pessoa, que mergulha no limiar entre o sono e a morte. Tem duração de 3 a 5 horas. Ele consegue trazer uma ótima atmosfera sombria e um visual alucinante — mas falaremos mais adiante sobre essa parte —, porém peca pela simplicidade da jogabilidade, que se torna repetitiva durante todo o game.
Por um jogo que aborda a temática de horror psicológico, espera-se que a sensação de estar sob pressão a qualquer momento seja contínua. Contudo, ele é um walking simulator com toques de stealth e puzzles leves. O título foca na exploração de ambientes decadentes e na sobrevivência discreta.

Você “brinca” de esconde-esconde com cultistas de forma fácil, resolve enigmas simples como empurrar carrinhos ou encontrar cartões-chave óbvios, e, em todos esses momentos, a sensação de apreensão é nula, quase inexistente. Não há combate direto; a furtividade é a “arma” principal. É tenso em momentos de alucinação, mas repetitivo e pouco desafiador. Comparar com Outlast é extremamente incorreto, pela sua estética e abordagem de uma simulação. O terror opressivo e sufocante de um Visage também não é o mesmo que observamos em Sleep Awake. Os desenvolvedores decidiram apostar em algo completamente diferente: como citei anteriormente, um estudo sobre o sono.
A busca incansável de Katja por respostas, tendo o fantasma do seu pai sempre aparecendo para lhe deixar dúvidas, instiga o jogador a querer saber o que haverá em seguida. É fato que o jumpscare é quase ausente, mas sempre há a sensação de que algo poderá surgir na frente ou na retaguarda. Recomendo, para quem se aventurar nesta trama, utilizar um fone de ouvido para sentir toda a mixagem de som, já que as pessoas mais sensíveis vão tomar susto facilmente.
É como se a personagem estivesse sempre descobrindo algo em uma perspectiva linear, sem grandes surpresas, mas os impactos dos personagens coadjuvantes são de arrepiar.

A trilha sonora, composta por Robin Finck (Nine Inch Nails), é um dos pontos altos: hipnótica, com batidas marcantes que aumentam o delírio. Se estiver curioso, é possível ouvir as faixas musicais da trilha sonora na plataforma digital Spotify. As canções também podem ser adquiridas.
Nos efeitos visuais, o bizarro é o que define o jogo: é uma mistura insana de imagens realistas apresentadas nas cutscenes e ambientes 3D psicodélicos, com refrações caleidoscópicas e luzes distorcidas.
Gamerdito (Veredito) de Sleep Awake
Os gráficos estão dentro do padrão do gênero, com cenários bem detalhados que não prejudicam a experiência do jogador. Não há um salto gráfico que podemos dizer ser impressionante. Mas os personagens podem causar desconforto com seus visuais sombrios — sendo um ponto positivo ao jogo. Uma observação: em certo momento do jogo, a combinação do realismo cru com os efeitos psicodélicos deixa você um pouco tonto e remete a alucinações quase esquizofrênicas.
No fim, SLEEP AWAKE é uma experiência boa para fãs de horror atmosférico como Alien: Isolation, mas pode decepcionar quem busca profundidade mecânica ou narrativa. O jogo varia de R$ 88,00 a R$ 169,90, dependendo da plataforma, seja no console ou no PC Windows via Steam.
Finalizo minha análise com a nota desta review de Sleep Awake: 7.0/10. Se vale a pena jogar, lhe digo ser uma experiência interessante para ser aprofundada como algo experimental.
Agradecemos à Blumhouse Games pela chave do jogo para nossa análise na versão de PC Windows.
