Quando a grade foi quebrada, trazendo os programas para a vida dos usuários, parecia que seria uma eternidade para acontecer — e poderemos ver isso em Tron: Ares.
Quando nasci, o primeiro longa-metragem da franquia, Tron – Uma Odisseia Eletrônica, já havia sido lançado há quase três anos. Jeff Bridges já era conhecido por algumas produções e, anos antes, havia estrelado o filme King Kong (1976) ao lado da atriz Jessica Lange. Porém, o ator vinha de dois fracassos seguidos de bilheteria, como Caso de Assassinato (1980) e O Portal do Paraíso (1980), que, apesar das críticas mistas, não conseguiram atrair o público.
Necessitando convencer o público para retomar sua carreira, ele aceitou trabalhar nessa produção experimental, que mudaria o quesito de tecnologia na indústria cinematográfica. Encarregado de dar vida a um prodígio desenvolvedor de software e engenheiro de jogos na empresa ENCOM, Kevin Flynn, seu personagem, sofreria com a inveja de um veterano da engenharia que, pelo orgulho e ego, não aceitava que outros da empresa o superassem.

Para isso, Ed Dillinger (David Warner) confiscava qualquer programa que tentasse trabalhar engenharia reversa e/ou o destruía, ou simplesmente adquiria as ideias e as patenteava como suas próprias criações. Basicamente, é assim que se inicia a trama dessa saga, retratando um jovem programador com síndrome de Peter Pan, que passa o dia no fliperama envolto por adolescentes.
Engraçado que essa visão retrata, até pouco tempo atrás, como a sociedade olhava para aqueles que diziam trabalhar com jogos — pessoas com um salgadinho ao lado, passando o dia inteiro jogando. Felizmente, essa realidade começou a mudar com a introdução da profissionalização dos campeonatos de eSports, que começaram a integrar pessoas a terem uma profissão e desempenho de alto nível.
Na continuação Tron: O Legado, trazendo o filho de Flynn como protagonista — assim anunciado por Zuse, personagem de Michael Sheen —, esse novo protagonista é interpretado por Garrett Hedlund. Novamente retornando para dentro da grade, Sam Flynn vai em busca do real paradeiro do pai, após uma visita do seu mentor Alan Bradley (Bruce Boxleitner), que curiosamente interpretou o Tron original no primeiro filme da franquia.
Depois de receber uma mensagem misteriosa via pager (aparelho muito utilizado nos anos 80 e 90 como meio de mensagem de texto) de Kevin Flynn, ele atiça a curiosidade do jovem CEO da ENCOM, que prefere fazer mais filantropia do que trabalhar — mera coincidência com alguns herdeiros do nosso cotidiano atual.

Diga-se de passagem, a trilha sonora dessa continuação é excelente. Quando o garoto chega ao antigo fliperama do seu velho pai e liga o galpão, somos surpreendidos pelo som da jukebox com a canção “Separate Ways (Worlds Apart)” da banda Journey.
Assim sendo, abduzido ou transportado para o mesmo local que seu pai, Flynn filho rapidamente descobrirá que a vida dentro da grade não é como suas aventuras em cima de uma Ducati ou saltando de paraquedas da torre da ENCOM. Ali, qualquer descuido é fim de jogo ou eliminação sem retorno do código-fonte.
Mas, por um milagre — como o criador desse universo gosta de referenciar — surge o algoritmo isomórfico (ISO), que ficaria conhecido como Quorra, papel protagonizado pela atriz Olivia Wilde. Assim como no primeiro longa, CLU, uma versão maléfica de Kevin Flynn, tentaria de tudo para colocar as mãos nessa descoberta que poderia ser a chave para unificar o mundo dos dados com o mundo real. Duas realidades se entrelaçando nas mãos erradas é o início do caos e colapso.
Por isso, o criador resolveu ter uma vida de meditação e mantra para não levantar suspeitas. As cenas de ação traziam também o trabalho minucioso da dupla de DJs Daft Punk, intensificando a qualidade de momentos importantes do filme.
O novo legado

Enquanto isso, o novo longa-metragem da franquia é dirigido por Joachim Rønning e estrelado por Jared Leto, Greta Lee, Evan Peters, Hasan Minhaj, Jodie Turner-Smith, Arturo Castro, Cameron Monaghan, com Gillian Anderson e Jeff Bridges. Além da patente, continuar sob os cuidados de produção do Walt Disney Pictures.
Ares, um programa avançado enviado do reino digital para o mundo físico em uma missão perigosa, marca o primeiro contato da humanidade com seres de inteligência artificial. Com trilha sonora contando com 24 faixas compostas por Reznor e Ross, sob o nome Nine Inch Nails, poderia ser um grande sucesso, já que o segundo título deixava evidente que esse caminho aconteceria.
No entanto, o ator — e também vocalista da banda Thirty Seconds to Mars — não vem conseguindo atrair público quando o gênero é ficção científica ou fantasia. Longas como Blade Runner 2049, Mansão Mal-Assombrada, Morbius e até Esquadrão Suicida, pelo elenco e repercussão da época, não emplacaram nas bilheterias como deveriam.
Considerandos filmes com orçamentos blockbusters, amargaram prejuízos financeiros para seus estúdios. Por isso, Ares é visto como incerto na bilheteria global, e o Rotten Tomatoes abriu com críticas de 53%/100, sendo a segunda pior nota em relação às demais produções entre filmes e séries de Tron.
Em outras palavras, apesar do talento na música e de interpretar personagens complexos, Jared Leto não nasceu para trabalhar em longas mais filosóficos e contos de fadas? É o que descobriremos quando Tron: Ares deixar seu “GRID” para o mundo real, com lançamento nos cinemas brasileiros em 9 de outubro de 2025.
Logo, este é o grande medo quanto ao legado da franquia Tron: será difícil definir se haverá continuações ou se o ciclo da grade será encerrado definitivamente. Caso não conheça nada sobre esta saga, todos filmes e séries podem ser assistidos na plataforma do Disney Plus.