Review de Clair Obscur: Expedition 33

A justiça é o recomeço para aqueles que ainda possuem esperança na criatividade

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Clair Obscur: Expedition 33 marca a estreia da Sandfall Interactive, um estúdio fundado por ex-desenvolvedores da Ubisoft que, cansados do ciclo criativo limitado em grandes produções, decidiram trilhar um caminho autoral. Como responsável dessa idealização, o diretor Guillaume Broche, trouxe muita sabedoria ao trabalhar nesse novo mundo. A publicação desta iniciativa ficou por conta da Kepler Interactive conhecida por publicar títulos que chamam atenção como Cat Quest, Sifu, Pacific Drive entre outros. Inspirados por clássicos como Final Fantasy, o estúdio se reuniu aos poucos: seu criador iniciou o projeto sozinho e, por meio de fóruns e redes sociais, foi atraindo talentos. Hoje, conta com cerca de 30 integrantes. Como brincam por aí, foi um jogo feito por “30 pessoas e um cachorro“. Pequeno em tamanho, mas gigante em alcance.

Apesar de ser considerado um título indie, Expedition 33 superou expectativas, alcançando vendas expressivas e provocando discussões sobre o atual modelo de produção de jogos AAA. Demonstrou que é possível entregar qualidade com um orçamento enxuto e preço justo — abaixo dos usuais R$349,90 ou mais. O que fez sentido já que na estreia Clair Obscur: Expedition 33, obteve picos de 145.063 usuários simultâneos somente na plataforma Steam segundo dados do SteamDB. Se juntar o Playstation 5, Xbox Series X|S esse número triplica, exibindo um sucesso iminente!

O jogo foi apresentado amplamente em eventos da Xbox, com forte divulgação no Game Pass. Como mencionei chegando nos consoles e PC. Nossa review é focada na plataforma do console de Playstation 5.

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Ambientação e narrativa

A história se passa numa versão paralela da França, centrada na cidade fictícia de Lumière, uma Paris distorcida, isolada em meio a um oceano dimensional. A atmosfera é artisticamente surreal, mesclando elementos reconhecíveis da vida real, como a Torre Eiffel, com paisagens e estruturas que lembram obras de arte abstratas e oníricas.

Nesse universo, uma entidade conhecida como “A Artífice” surge anualmente para pintar um número. Todas as pessoas cuja idade corresponde ou ultrapassa esse número, desaparecem. A sociedade passa a viver sob a sombra dessa previsão macabra. O protagonista, Gustave interpretado pelo ator Charlie Cox (Demolidor: Renascido), está prestes a completar 33 anos — e a Artífice acabou de anunciar que o próximo número é 34. Ele tem apenas um ano.

O prólogo estabelece o clima: melancolia e beleza coexistem. A cidade se prepara para a partida dos que chegaram à idade limite, decorando tudo com rosas. Crianças estão condenadas a crescer sem pais. Muitos adultos optam por não ter filhos, antecipando o destino cruel de orfandade. Há quem veja a Artífice como uma punição merecida. Outros, como um ser a ser combatido. Nosso personagem central acabou tendo esse dilema de filhos, ao qual obtemos uma cena marcante entre ele e sua amada em momento de desolação.

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É nesse contexto que surgem as expedições. A cada ciclo, jovens com pouco tempo de vida restante se organizam para partir rumo ao continente desconhecido de onde vem a Artífice. A missão? Encontrar respostas e, quem sabe, romper com o ciclo. A equipe do protagonista integra a 33ª expedição, batizada conforme o número mais recente desenhado pela entidade.

As expedições anteriores tentaram diferentes abordagens: tecnológicas, místicas, artísticas ou simplesmente marciais. Algumas retornaram com informações valiosas; muitas desapareceram. Com a partida marcada para um dia após o evento chamado “Gommage“, a 33ª expedição parte sem garantias, impulsionada apenas por esperança e desespero.

Gameplay e mecânicas

Embora seja um RPG de turno, o jogo inova ao misturar elementos de Soulslike, hack and slash e action RPG. A movimentação em campo é livre, com pulos, uso de ganchos energéticos, escaladas e exploração vertical. Durante a campanha, Gustave interage com seus companheiros, que ampliam a dinâmica e a estratégia do grupo.

clair obscur expedition 33 batalha jogo
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As batalhas são por turno, sim, mas com forte componente ativo. Inimigos têm pontos fracos que podem ser atingidos com ataques mirados, alterando padrões de combate ou quebrando defesas. Além disso, há eventos interativos (quick time events) que, se acionados com precisão, aumentam dano, curam aliados ou aplicam efeitos especiais.

A defesa também é ativa: há esquivas com janela ampla e “parries” precisos que, quando bem executados, podem resultar em contra-ataques críticos. Lutas contra chefes muitas vezes exigem dominar essas técnicas.

Outro diferencial é a interação em grupo: ataques coordenados após pulos sincronizados causam dano massivo. A inteligência artificial é bem calibrada, o que torna cada confronto exigente e recompensador. Os inimigos variam desde figuras humanoides estilizadas até criaturas inspiradas em instrumentos de pintura, mantendo a coerência com o universo visual.

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Sistema de progressão e personalização

A evolução dos personagens remete a jogos como Dark Souls: você escolhe em quais atributos investir os pontos adquiridos. O sistema de habilidades é chamado de “Pictos” e funciona como um conjunto de melhorias passivas e buffs que, quando usados com frequência, são “dominados“. Uma vez dominado, o Picto passa a poder ser equipado por qualquer personagem da equipe. Cada herói pode ter até três desses ativos ao mesmo tempo.

Assim sendo, armas e equipamentos sobem de nível, e há uma variedade de estilos de combate. A liberdade para montar builds diferentes confere profundidade ao gameplay.

Mundo e direção de arte

A direção artística é um dos maiores trunfos do jogo. O mapa-múndi é uma verdadeira obra de arte interativa. Cada região parece ter sido pintada à mão, remetendo ao Renascimento, ao Surrealismo e às vanguardas europeias. Tudo tem um peso simbólico.

clair obscur expedition 33 personagem
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A influência francesa está por toda parte, e não apenas na ambientação. A trilha sonora é totalmente cantada em francês, algo raro e muito marcante. Há canções que grudam na memória e evocam emoções intensas, seja nos combates, seja nas cutscenes ou nas fogueiras onde você pode selecionar as faixas tocadas. Nosso site chegou cometar sobre esta trilha sonora original e você consegue ler nessa página.

Vocês puderam perceber que comentei que o ator Charlie Cox participa na captura de movimento e dublagem do jogo. O elenco também contou com nomes reconhecidos globalmente na indústria dos games e entretenimento, principalmente em Hollywood. Participações de Andy Serkis (O Senhor dos Anéis, Planeta dos Macacos, Pantera Negra) como o algoz Renoir, um dos primeiros das expedições.

A seguir confira o elenco de dubladores e os respectivos personagens Maelle dublada por Jennifer English (Baldur’s Gate III, Elden Ring). Lune por Kirsty Rider (The Sandman, Sifu). Sciel dublada por Shala Nyx (The Old Guard, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty). Verso por Ben Starr, (Final Fantasy XVI). Monoco – dublado por Rich Keeble (Good Omens, Ghosts). Personagem Clea a narradora por Devora Wilde (Baldur’s Gate III, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty). Outros nomes também participam desta aventura! Isso só mostra o quanto a ideia atraiu grandes nomes da indústria acreditando em seu potencial!

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Gamerdito (Veredito) de Review de Clair Obscur: Expedition 33 vale a pena jogar?

Clair Obscur: Expedition 33 não apenas entrega um jogo de qualidade — ele desafia o status quo da indústria. Mostra que equipes pequenas, com paixão e foco, podem criar experiências artísticas, profundas e refinadas, mesmo sem os recursos de gigantes.

Em um momento em que as grandes empresas justificam aumentos de preço com custos crescentes, Expedition 33 prova que qualidade não depende apenas de dinheiro. Seu sucesso impulsionou até a confirmação de uma adaptação para o cinema, mostrando que seu impacto transcende o universo dos games.

clair obscur expedition 33 personagem gustave charlie cox detalhes
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Em termos de problemas técnicos, não tive nenhuma situação que me obrigasse a reiniciar o jogo, nem encontrei bugs de progressão ou travamentos em locais específicos. Uma ressalva importante é a presença massiva de sombras e paletas de cores bastante saturadas, o que pode ser um ponto sensível para quem possui fotossensibilidade. Ainda assim, esses elementos podem ser ajustados no menu de configurações gerais do jogo. O orçamento deste desenvolvimento parece estar dentro do esperado, e fica claro que a equipe se esforçou ao máximo para entregar um bom nível de polimento — algo perceptível ao longo de toda a jogatina.

Recomendo fortemente para quem curte RPGs de turno, especialmente se você gostou de Metaphor: ReFantazio ou dos Final Fantasy clássicos. Se não é fã do gênero, essa pode ser a porta de entrada ideal: uma história instigante, um sistema de combate intenso e uma arte inesquecível. A Pintora jamais será esquecida e quem sabe você consiga superar seus 33 anos!

Com esse gancho finalizo minha jornada neste jogo com uma nota para review totalizando 9,5/10. Acredito que essa tenha sido minha maior aplicação de uma nota desde que participo do MeUGamer.

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É possível encontrar o título nas plataformas do Steam, Epic Games Store, Playstation Store e Microsoft Store. Caso queira ajudar o nosso site se manter engajado e independente, há links de afiliados para Nuuvem, Green Man Gaming, Humble Bundle na qual podemos ganhar uma pequena comissão. Agora, que sabe os caminhos para iniciar seu ciclo das expedições, adentre me horas de gameplay e depois nos conte o que acharam dessa aventura de superação.

Agradecemos à Sandfall Interactive e a Kepler Interactive pela liberação da chave do jogo, nos proporcionando a oportunidade de realizar uma análise de Clair Obscur: Expedition 33 no PS5. Além de sua assessoria pela intermediação!

Gamernéfilos, comentem aqui!

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